quinta-feira, 12 de junho de 2008

O CANTINHO DO PADRE MÁRIO!

O aniquilamento do Amor Divino: Jesus.

Em Jesus, a característica essencial deste Amor divino como Amor misericordioso é o rebaixar-Se: «Sendo próprio do amor rebaixar-se», «Sim: para que o Amor seja plenamente satisfeito, é necessário que se rebaixe, que se rebaixe até ao nada e que transforme em fogo este nada...».

Teresa contempla principalmente este rebaixamento nos mistérios da Incarnação, da Cruz e da Eucaristia.

Para Teresa, Jesus é o Deus que se fez pequeno até ao extremo. E é esta pequenez de Deus que nos chama a tornarmo-nos pequenos por amor d’Ele. Teresa tradu-lo através do símbolo das «flores dos campos» e da parábola da pequena gota de orvalho.

1. Agora estou prisioneira
Fugi dos bosques da terra
Vi que tudo nela é efémero…
Vi a minha felicidade murchar
Morrer!...

2. Sob os meus passos a erva estragou-se!...
A flor murchou nas minhas mãos!...
Jesus, eu quero correr nos teus prados
Neles não ficarão marcados
Os meus passos…

3. Como um veado na sua sede ardente
Suspira pelas águas vivas,
Ó Jesus! Para Ti corro desfalecida,
São precisas para acalmar os meus ardores
As tuas lágrimas!...

4. Só o Teu amor me arrasta.
Deixo na planície o meu rebanho
Não tenho o trabalho de o guardar,
Quero agradar ao meu único Cordeiro Novo.

5. Jesus, és Tu, o Cordeiro que eu amo
Tu me bastas, ó bem supremo!
Em Ti, tenho tudo, a terra e até o Céu
A Flor que eu colho, ó meu Rei
És Tu!...

6. Jesus, formoso Lírio do vale
O Teu doce perfume cativou-me
Ramo de mirra, ó coroa perfumada!
Sobre o coração quero guardar-Te
Amar-Te…

O amor divino leva-nos a relativizar as coisas efémeras do mundo e do tempo presente, mesmo as realidades que nos aparecem como bens, pois é maior e mais forte que todas elas, e o amor a Cristo é o que melhor preenche o coração.

11 comentários:

Avó Pirueta disse...

O Poema é um cântico sublime, arrebatador. Creio também dever cumprimentar o Padre Mário, além de tudo o mais, porque se está a revelar um tradutor que só é traditor dos seus próprios sentimentos. Parabéns. E que Santa Teresinha vele por nós, mas, especialmente, pelos que mais precisam e nem a conhecem. Um abraço para os dois, Padre Mário e Raul da Saudade do Sorriso...

Anónimo disse...

Eu não acredito em Deus, mas aprecio as pessoas que na sia vida procuram transmitir mensagens da elevação do amor. Penso que não é só em relação a Deus que o amor deve "rebaixar" (ainda que não goste desta palavra mas entendo o significado, também na vida do casal, dos amigos, dos filhos. Sermos pequenos perante os outros torna o nosso amor mais feliz.

Avó Pirueta disse...

Caríssimo Carlos Santos, como é que não acredita em Deus se Ele está inscrito no seu coração e o leva a querer amar servindo? (é isso o que significa este "rebaixar")
Em que Deus não acredita? Num Ser enorme, que nos criou só para O adorar a Ele próprio? Que está em todo o lado a vigiar-nos? Que usa corta-unhas para nos cortar as unhas rentes, fita métrica para medir os pecados e balança bem afinada para nos pesar as culpas? Nesse, eu também não acredito. O meu Deus está em tudo o que é belo, que é bom, nos pensamentos que me inspira, nos talentos que me deu, nos que me querem bem e também está nos que me querem mal, por nos dar uma oportunidade, a mim e a eles, de vencermos essa querela inútil e de Vivermos em plenitude. Deus está na inocência das crianças, na beleza e doçura dos frutos, nas palavras amigas, no abraço apertado, na divisão do trabalho lá em casa, no conselho desinteressado, no elogio que faz os outros felizes. Você, Carlos, anda aos "encontrões" a Deus a toda a hora. Como não crer n'Ele? Até me está a dar vontade de lhe recomendar um livro de que gosto muito e se chama "Nem quero crer..." Há na Livraria Delos, ali na Sá da Bandeira, no Porto. Você acredita em Deus porque faz o que Ele nos pede para fazer. Acredita em mim? Um abraço fraternal da Avó Pirueta (isto se tiver mais de 50 anos; se tiver menos, leva um abraço maternal, e é um pau...)

BC disse...

ESTES POEMAS, NÃO COMENTO.
Não gosto de comentar, mas de reflectir neles,e adormecer nas palavras sábias.
Padre Mário, permita que o trate assim, toda a vida através das equipas de casais a que os meus pais pertenceram lidei com muitos padres e fiquei amiga de muitos, muitos, não sei se é do Porto (provavelmente), mas só lhe queria agrdecer a partilha, porque ser padre acho que é isso é partilhar
Acho que não precisamos de rezar o dia todo,O MAIOR SACERDÓCIO ESTÁ
ENTRE AS PESSOAS COMUNS.
Obrigada pela partilha e ao Raul por trazê-lo aqui.
Um abraço (é permitido, acho eu)

Fátima André disse...

Carmo, minha querida, hoje ando a encontrar-me com Deus muitas vezes :)
Devo dizer-lhe que com quase um curso de Teologia, um curso de Ciências Religiosas e com vinte anos de ensino e mais uns 17 anos a caminhar aos encontrões e abracinhos a Deus... pois nunca antes vi ou ouvi (na minha humildade) uma tão bela descrição de Deus. Os Srs. padres que me perdoem :) Ela corresponde igualinho ao que penso. Não faz meia hora o tentei descrever quase desta forma num blog amigo (mas não fui tão bem sucedida... faltaram-me as palavras)
Obrigada minha querida. Eu era como o Carlos, também disse que não acreditava em Deus até aos 23 anos e não é que tropecei n'Ele de tantos abracinhos que Ele me deu.
Como é que eu não posso acreditar n'Ele, se estou na vossa companhia divinal ;)
Obrigada pelos vossos abracinhos, colinhos, beijinhos, afectos, sorrisos... tudo o que é AMOR, é Deus.

Anónimo disse...

Estou a desconfiar que o padre Mário deste cantinho será a própria Carmo. É que vejo a Carmo a responder a questões que se levantam e não vejo o padre Mário a falar. Mas falar de Deus assim é fácil. E onde está o Deus que permite as guerras. Que andem no trabalho infantil como o que está escrito neste blogue hoje? Onde está o Deus que permite que haja crianças violadas? Falar do Deus que está no belo é fácil, não é?
Eu acredito nos homens, acredito na Carmo e no que faz, acredito no que fazem muitos professores... dos que eu tenho conhecido por aqui e deixem-me que vos diga... conhecer-vos neste blogue elevou ainda mais a imagem que eu já tinha dos professores. Acredito nas pessoas... Deus ainda tem que me convencer....

Anónimo disse...

Quem de nós nunca buscou o AMOR?!
Todos vivemos numa constante demanda procurando «sentir esse sentimento» que, muitas vezes, provocou guerras absolutamente odiosas, mas, outras tantas vezes, trouxe uma paz serena e regeneradora.
Numa perspectiva de católica não praticante que sou, discordo que o Amor Divino seja o único que nos encha o coração (vide o meu comentário anterior)... No entanto, reconheço que dá segurança, é bom e é muitíssimo saber que, aconteça o que acontecer, JESUS está sempre lá, incondicionalmente disponível para nos amar como atesta a estrofe que transcrevo:

Vivre d'Amour!...

Au soir d'Amour, parlant sans parabole
Jésus disait: «Si quelqu'un veut m'aimer 'toute sa vie, qu'il garde ma Parole'
'Mon Père et Moi viendrons le visiter'.
'Et de son coeur faisant notre demeure'
'Venant à lui, nous l'aimerons toujours!...'.
'Rempli de paix, nous voulons qu'Il demeure'
'En notre Amour!'».

Ps: Como já referi em anterior comentário, prefiro o original à tradução, até porque, o francês é a língua do Amor.

Boa semana para todos e obrigada, Pe. Mário Jorge por nos fazer recordar que precisamos de pensar no AMOR, para o interiorizar e expressar de forma mais sublime.

Anónimo disse...

Este meu espaço destina-se a partilhar a espiritualidade dos santos, ou melhor, das santas que são Doutoras da Igreja.

Muita gente trata de futebol e política com cabeça de adulto, mas trata de Deus com cabeça de criança, porque desenvolveu a sua capacidade de pensar sobre uns temas e esqueceu outros.

Devemos procorar desenvolver a chamada inteligência da fé.

É necessário saber diferenciar a ordem das realidades, assim como as relações de Deus com os homens e dos homens com Deus, bem como com dos outros seres criados e tudo o mais...

Procurem compreender como é que Deus fica num mundo que quer prescindir d'Ele ou que já não O quer ver...

Anónimo disse...

Assim, como quem não quer a coisa, eu também poderia fazer algumas perguntas a quem diz não acreditar em Deus, sem mesmo assim deixar de O desafiar.

Quem escraviza as crianças? Será Deus?
Quem deixa os irmãos morrer à fome? Será Deus?
Foi Deus quem fez as armas e vai para a guerra?
É Deus que nos faz casmurros?
Poderia Deus privar-nos da liberdade de escolha e condicionar a nossa existência e a do mundo?
Poderia Deus não nos respeitar nem aos nossos tempos e mecanismos de crescimento e desenvolvimento?
E o amor? Não estará nas mãos de Deus?

Etc, etc, etc...

Avó Pirueta disse...

Oh Carlos, eu não sou o Padre Mário, claro, nem tenho conhecimentos teológicos que me permitam desapertar-lhe os atacadores dos sapatos... Mas eu não preciso disso, da Teologia, para sentir Deus. Sei que Ele me fez livre e responsável. E que posso fazer o que quiser da minha vida: ajudar ou roubar, amar ou odiar, salvar ou matar. Está na minha mão optar. Eu sou filha de Deus, não sou escrava. Depois, claro, os meus actos reflectem-se nos outros. E na infinita sabedoria de Deus, acredito que ele usará Justiça mas muito mais Misericórdia. Pelo menos, assim o espero, para mim...
E será justo, iso? perguntará o Carlos. Confie. Creia. Deus não são os homens. E quanto mais deuses os homens querem ser, mais baixo descem. Ícaro.
O que lhe garanto é uma coisa: quando se abrir para Deus completamente (já está aberto, mas preciso de um bocadinho de óleo nos gonzos...)vai sentir-se tão diferente!
Sabe, vou contar-lhe um segredo: eu já estive na sua situação!
E mesmo depois de a ter ultrapassado, nem imagina as discussões que às vezes tenho com Ele. Havia de ter ouvido como lhe gritei, no sofá da minha sala, quando cheguei a casa e encontrei o meu Marido morto. Havia de me ouvir a "puxar pelos meus galões" e atirar-lhe ao Rosto tudo o que eu tinha feito em nome d'Ele. Perguntei-lhe se era assim que ele me pagava!
E na sua infinita Sabedoria e Misericórdia Ele trouxe-me uma Paz maior: a de que agora tenho mais alguém num alto lugar a velar por mim.
Quando estou em Portugal e pego no carro, no Porto, para ir a Condeixa, conversar com o meu Marido no local onde estão os seus restos humanos, digo sempre: "Menino, estás aí em cima, vês melhor do que eu, toma conta de mim". Sabe que Deus se ri? Quantos sabem que Deus se ri?
Gosto de si por ter dúvidas, Carlos. Um abraço (ainda não sei se fraternal, se maternal, depende da sua idade...)da Avó Pirueta

Anónimo disse...

Padre Mário, fiquei desiludido consigo... eu até nem gosto de futebol, de política sim, porque me interesso por questões do meu país. Mas fiquei desiludido porque implícitamente diz que eu penso Deus com cabeça de criança!
Já reparou que me podia cativar e assim não o faz? Eu não sei que idade tem mas se o Raul o convidou para estar aqui é porque acredita em si e pode ser uma mais valia para o blogue dele. Mas não é assim!
Carmo Cruz, talvez pela sua experiência você mostrou mais compreensão e não me critica mas me ajuda. Não deveria ser essa a sua missão Padre Mário?

E Carmo, recebo com carinho o seu abraço maternal. Mais próximo de um abraço de avó.