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segunda-feira, 21 de julho de 2008

A SEREM LIVRES E MELHORES!

Não é à pancada,
Estou convencido que não é à pancada.
E embora haja quem pense
Que dar confiança é arriscado
Eu creio que o único caminho é o amor.


Não me preocupam nada temores do género:
“- e lhes damos uma mão querem logo o braço”.
“- Comem-nos as papas na cabeça”.
“- Pela caridade entrou a peste no mundo…”


Não me preocupam, primeiro,
Porque não é a dignidade do professor
O supremo valor da escala educativa.
Não me preocupam, depois,
Porque o que interessa,
Mais do que as manifestações exteriores de respeito,
É o verdadeiro respeito interior.
Não me preocupam, finalmente,
Porque creio que é mais efectivo,
Muito mais educativo e mais belo,
Ver como as pessoas
Aprendem a amar e a confiar nas pessoas,
Ver como aprendem a ser mais felizes.


Não temo que me comam as papas na cabeça,
Que abusem da minha confiança.
Porque é preferível rirem-se
(se for esse o caso)
Do que serem vítimas da nossa insensibilidade,
Do nosso rigor
Da nossa amizade.
Porque a fortaleza está no amor
E não na imposição da disciplina.


Não nos tornamos mais fortes por mantermos a ordem,
Por as crianças “se não mexerem”,
Por se saber perfeitamente quem detém a autoridade.


Seremos fortes se não nos preocupamos em sê-lo,
Se verdadeiramente amamos os outros,
Se fizermos nascer no seu íntimo
O desejo de serem melhores,
De serem solidários e respeitadores,
De serem amantes da justiça
E da ordem que nasce da justiça e não da força,
E não do temor,
E não da violência.
Só neste clima
É que as pessoas aprendem a ser livres
A ser melhores.

Santos Guerra
in Uma pedagogia da libertação
CRIAPASA

sábado, 5 de julho de 2008

A CRIANÇA MAIS CARINHOSA



Via Clube de Contadores de Histórias

O amor é tudo.
É a chave da vida,
e são as suas influências
que movem o mundo.


Ralph Waldo Trine

Escritor e conferencista, Leo Buscaglia contou que uma vez lhe pediram que fosse júri de um concurso. O objectivo do concurso era encontrar a criança mais carinhosa. Quem ganhou foi um menino de quatro anos, cujo vizinho do lado era um homem idoso que perdera recentemente a mulher. Ao ver o homem a chorar, o rapazinho entrou no quintal dele, subiu-lhe para o colo e ficou ali sentado. Quando a mãe lhe perguntou o que dissera ao vizinho, o rapazinho respondeu:— Nada, só o ajudei a chorar.

Ellen Kreidman
Canja de galinha para a alma
Mem Martins,
Lyon Edições, 2002

terça-feira, 1 de julho de 2008

PRECIOSIDADE!

Hoje dei comigo a ler as Conclusões de um workshop realizado em Braga, em 2006, sobre a Criança Institucionalizada, quando encontrei esta preciosidade na pena da Alves Pinto (Ex-director Regional do Norte do IRS) que aqui vos deixo:


“As crianças merecem tudo. Porque merecem tudo, curiosamente, não lhes podemos dar tudo. É que as manhãs repetem-se e nunca são iguais. Temos que guardar um resto de tudo, para darmos às crianças quando elas necessitem. Amanhã, depois de amanhã, nas manhãs que se sucedem e que nunca são iguais.


O mesmo acontece com os jovens. Eles merecem tudo. E porque merecem tudo, cumpre-nos dar-lhes um bocadinho menos do que tudo.


Os direitos da criança, os deveres dos adultos, não se esgotam num dia.
Tudo se quer no seu lugar: com conta, peso e medida. Cuidados em excesso, podem infantilizar; cuidados por defeito, podem provocar rupturas e desvios comportamentais.
Relação de amor. Ordem. Responsabilidade. Família. Estudo. Trabalho. Respeito. Verdade. Participação. Disciplina. Tolerância. Fraternidade. Honestidade. Temos que ir por aqui. É este o caminho. Cumpramos, meus amigos. Naturalmente. Sem constrangimentos. As crianças e os jovens tomarão o nosso exemplo. Também eles verão que é o trilho certo. Descobri-lo-ão por si. Cumprirão o desígnio e o desafio da descoberta."

quinta-feira, 12 de junho de 2008

DIA MUNDIAL CONTRA O TRABALHO INFANTIL

- Educação –

A Verdadeira Alternativa ao Trabalho Infantil


O dia 12 de Junho é o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil.

Em todo o mundo, segundo números da Organização Internacional de Trabalho, cerca de 200 milhões de crianças, entre os 5 e os 17 anos, trabalham.

Aproximadamente 165 milhões de crianças com idades entre os 5 e os 14 anos, faltam ou abandonam definitivamente a Escola para trabalhar.

São estas crianças, as que não vão para a Escola, que mais facilmente entram na 'clandestinidade', e que estão mais susceptíveis de entrar em redes de tráfico, de pedofilia e de prostituição.

No dia 12 de Junho, a CNASTI, tal como centenas de organizações no mundo inteiro, quer lembrar que só a Educação de Qualidade é a Verdadeira Alternativa ao Trabalho Infantil.

Em Portugal, o trabalho infantil continua a existir em sectores como a agricultura, a construção civil e 'ao domicílio'. As fábricas, sobretudo do sector têxtil e do calçado, raramente empregam crianças nas suas instalações mas entregam trabalho para que as famílias – incluindo as crianças – o façam em casa.

Embora sem número oficiais, é certo que muitas crianças passam horas a coser sapatos ou a cortar linhas em roupa.

O trabalho infantil artístico é outra das preocupações da CNASTI. Nas novelas, nos musicais, na publicidade, na moda e nos filmes há cada vez mais crianças a trabalhar. Um trabalho diferente do 'tradicional' mas que, da mesma forma, tira os menores da escola e obriga-os a ter uma vida muito pouco adequada à idade que têm.

Por tudo isto, a Confederação Nacional de Acção Sobre Trabalho Infantil defende a Escola como alternativa ao Trabalho.

Em seminários, conferências e acções realizadas em pareceria com a Organização das Nações Unidas/Objectivos do Milénio, a CNASTI defende a Valorização da Escola e das Aprendizagens.

A Escola é, e será sempre, a primeira instituição que as crianças encontram e deve ser um espaço capaz de formar cidadãos activos. Na Escola, o aluno é o centro do projecto educativo.

No Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, frisamos que a Escola é dos alunos e para os alunos. São eles o princípio, o meio e o fim de uma Escola de sucesso.

A Comissão Executiva da CNASTI

quarta-feira, 28 de maio de 2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

DIA MUNDIAL DA CRIANÇA (II)


Na "pena" de Saint-Exupéry:

"Sou da minha infância como de um país."

"As pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações... Nunca compreendem nada sozinhas e é fatigante para as crianças estarem sempre a dar explicações."


"Todas as grandes personagens começaram por serem crianças, mas poucas se recordam disso."

"As crianças devem ser muito indulgentes com as pessoas grandes."

"Só as crianças sabem o que procuram."

"Eu corro o risco de ficar como as pessoas adultas que só se interessam pelos números."

"Só se vê bem com o coração, o importante é invisível aos olhos."



domingo, 25 de maio de 2008

DIA MUNDIAL DA CRIANÇA (I)

Onde andas tu, Peter Pan?!

Estive tentada a começar por «Era uma vez...» e dar liberdade à caneta para que se deliciasse desenhando letras redondinhas, sorridentes e saltitantes que se agrupariam em palavras lindas, puras e sonhadoras que, colocadas na ordem correcta, construiriam frases inocentemente optimistas que contariam uma bela história de encantar.
Nela viveriam personagens fantásticas emolduradas em cenários idílicos, onde o céu é sempre azul, as cores nunca desbotam e o sol brilha eternamente.
Ousaria até, deixar que essa mesma caneta encerrasse com o cliché: «E foram felizes para sempre…».

Teria sido bem mais fácil!!!

A realidade, porém, pinta-nos cenários onde o sol também se esconde, onde o céu é cinzento e pesado, onde chove muitas vezes.
Nela, as personagens somos todos nós: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos…
Vivemos um dia-a-dia apressado, atarefado, esquecendo ou, simplesmente, não tendo tempo para apreciar as coisas boas da vida:
- O sol que nos aquece;
- a água viva que ainda corre;
- as plantas que crescem viçosas;
- a frescura da sombra amiga;
- os animais que muito estimamos;

- o sorriso das crianças que fazemos vir ao mundo;
- o bocadinho da criança que escondemos em nós.

Onde andas tu Peter Pan?
Onde te escondes?
Porque te perdes na nossa história?

Aproxima-se o DIA MUNDIAL DA CRIANÇA!

Aproveitemos esta semana para reflectir…
E pratiquemos um gesto de carinho.

Ainda há crianças que não vão à escola,
Sofrem de maus tratos,
Trabalham de sol a sol,
São abandonadas,
São abusadas,
Não são cuidadas,
Não são amadas…

Ainda há crianças…

Precisam de nós…

Precisam de ti…

Estão mesmo aí,
Ao lado da tua porta!

Ao menos neste dia 1 de Junho,
por um só dia,
abre a janela do teu EU

deixa entrar Peter Pan…

Conceição Coelho

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

ELOGIO DA ALEGRIA

E deixem-nos soltar flores
E barquinhos
E papagaios de papel.

E deixem-nos saltar à corda,
Jogar à bola de trapos
E ao Peão

E deixem-nos cantar
Andar às cavalitas
E rebolar pelo chão.

"Era uma vez um rei e uma rainha cuja felicidade aumentou com o nascimento do príncipe herdeiro. Todavia aquela ventura enevoou-se depressa. Passavam dias, meses, um ano, e o bebé real não sorria. Quanto mais o cercavam de mimos e luxos, tanto mais o botãozinho fechava.

Os reis, desesperados, ofereciam fortunas a quem o fizesse sorrir. Vieram palhaços, mágicos, bobos das cortes vizinhas, fabricantes de brinquedos fabulosos, mas nada conseguia abrir os lábios do menino tristonho. E a sua melancolia contagiava.

Um dia, para cúmulo, desapareceu. Como o seu gibão de veludo rolasse no chão rente aos portões do jardim, pensou-se num rapto. Soldados apressaram as buscas e os arautos já percorriam o reino.

Felizmente, o príncipe não andava longe. Num prado vizinho deram com ele, andrajoso e enlameado, brincando com miúdos da mesma idade. Soltavam barquinhos de papel num poceirão de água choca e o príncipe ria a bandeiras despregadas."

Abílio Pina Ribeiro

Reis e rainhas deste país, não nos tirem a alegria de ensinar. Nas nos fechem em gabinetes com coisas inúteis. Deixem-nos andar fora de gabinetes; deixem-nos estar nas salas que realmente valem a pena; nas salas onde estão aqueles que são a nossa missão e que são o “lado mais bonito da educação e das escolas... O centro de tudo!”(3za) Deixem-nos estar nas salas de aula fora das escolas, no palco da vida. Precisam de nós lá. Sim, de todos nós. Poucos muitos ou muitos poucos. Mas o importante é que estejamos lá... É aí que somos felizes e fazemos os outros felizes. Deixem-nos sujar, enlamear, suar com os miúdos da mesma idade – sim, somos da mesma idade, daquela idade que todos sabemos: do sonho, da ilusão, da alegria, da ingenuidade, do risco, da confiança, do acreditar… E deixem-nos soltar flores e barquinhos e papagaios de papel.

P.S. Não pensemos que temos de viver apenas para promover o desenvolvimento e a felicidade dos nossos alunos. A nossa felicidade de professores ajuda, não dificulta, a felicidade dos alunos.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

RECORDANDO AGOSTINHO DA SILVA



“...a criança vai dirigir-se à Escola, não porque tem de fazer um exame para obedecer a uma lei geral do país – escolaridade obrigatória. (...)

ela irá à escola (...) para aprender aquilo que corresponde à sua vocação íntima (...).

É por esse caminho que se vai ter que ir e toda a gente está interessada no desenvolvimento psicológico, no desenvolvimento dos homens, para eles cumprirem aquilo para que têm vocação que é serem artistas e criadores.

Agostinho da Silva

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

AS CRIANÇAS, OS JOVENS E A NET.






Com a devida vénia ao Site da Educação:
O tempo despendido por crianças e jovens...... na Internet é hoje uma preocupação para muitas famílias. Importa não só conhecer potenciais riscos de segurança como estabelecer algumas regras que potenciam a sua boa utilização, tanto educativa como lúdica.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Crianças para o Amanhã

Educação para o desenvolvimento e para a responsabilidade: uma forma de promover a disciplina.

Segundo Orlando Lourenço (1993, 1996), educar para o desenvolvimento e responsabilidade, é uma das maneiras de lidar com a crise de disciplina que tem invadido as escolas, a família e a sociedade. O que apresento de seguida são sugestões retiradas dos livros citados que dão pistas para a transformação das escolas em contextos mais criativos, inteligentes e justos. Portanto, para a transformação das escolas em locais onde a disciplina seja algo que se respire naturalmente e não bolsas de oxigénio atrás das quais tenhamos sempre que andar.

Não sejamos professores distraídos! O desenvolvimento dos alunos depende mais da nossa interacção com eles nas pequenas coisas da prática pedagógica do que de discursos “moralistas” que lhes fazemos quando parecem abusar da nossa autoridade.

“As pessoas aprendem quem são
e o que são
através da maneira como são tratados
pelas pessoas importantes na sua vida”
Zenita Guenter

Não nos afirmemos pelo poder! Isto é, não sejam professores autoritários ou que se afirmam pelo poder, nem professores permissivos e que deixam fazer tudo aos seus alunos; sejamos antes professores calorosos e exigentes, embora sem esquecer que a exigência deve ser adequada à idade do aluno.

“Aprende-se pouco
das pessoas que não são importantes para nós”
Zenita Guenter
Devagar que tenho pressa!... Respeitemos o ritmo de aprendizagem da criança e do aluno se queremos que eles venham a chegar longe. Educar para o desenvolvimento e para a responsabilidade não é ir depressa, mas chegar longe.

“...Vai-se pondo degrau após degrau,
até que atinja a maior altura possível
segundo a vocação
e a força que haja em cada um”
Agostinho da Silva

Justo sim, santinho não! Interessa mais ajudarmos o jovem a compreender o sentido da diferença, dos outros e de alguns princípios do que exigir-lhe que seja obediente e bem comportado. Interessa, enfim, que ele, e nós próprios, sejamos mais justos do que “santinhos”.
Bonitos? Claro que sim! A beleza ajuda ao desenvolvimento. Como querer que os jovens sejam bons e inteligentes, se não os educarmos para serem sensíveis à beleza?!

Castigar? Não, por favor! O castigo é uma óptima coisa! Desde que não utilizada! É ineficaz enquanto prática de socialização, causa mal-estar em quem o recebe e leva a contra-ataques.

O enigma da felicidade: Decifre-o! Se queremos ajudar a construir a felicidade de alguém, não podemos passar a vida a dar-lhe ordens, ainda que disfarçadas de pedidos. Estimulemos antes o seu sentido de competência e de controlo sobre as coisas.

“impõe-se, na nossa comunicação,
fazer crescer a apetência pelo saber,
a vontade de investigar e de criar...
cada um sentir-se útil e, por isso, melhor e mais feliz.”
J. Gil da Costa

Faça-o pró-social! Quem é altruísta e ajuda os outros, também ganha com isso. Educar os jovens para a responsabilidade social é uma forma de os educar para o desenvolvimento e para os valores. Uma forma, pois, de diminuir a indisciplina na escola e a delinquência na sociedade.

Sim à pessoa, não à posição! Eduquemos os jovens no sentido da justiça ou do respeito pela pessoa, não no sentido da posição ou da reverência para com os poderosos e distribuidores de favores. Enquanto as escolas e famílias pessoais promovem o desenvolvimento, as famílias e escolas posicionais dificultam-no.

Auto-estima: Estime-a, por favor!

Obedecer aos professores: Porquê? O respeito mútuo é mais justo e pedagógico do que o respeito unilateral exigido por alguns professores aos seus alunos.

Os professores também têm direitos! Não pensemos que temos de viver apenas para promover o desenvolvimento e a felicidade dos nossos alunos. A nossa felicidade de professores ajuda, não dificulta, a felicidade dos alunos.

Mais interacção, menos discurso! Se queremos que os nossos alunos não sejam alunos difíceis, falemos com eles, não falemos apenas para eles. Professores autoritários tendem a fazer discursos; professores competentes tendem a interagir com os seus alunos.

O enigma da criatividade: Decifrável? A criatividade não é um dom da natureza, nem algo só para os sobredotados. Todos os alunos são capazes de condutas criativas. Se estimularmos o seu sentido de competência, de auto-estima e de participação ajudá-los-emos a serem mais criativos.

Dever mas também aspiração! A escola fica aquém da sua missão quando educa só para o dever. Importa muito estimular os alunos a irem além do dever e a gostarem de alcançar padrões de excelência. Quanto mais a escola educa só para o dever, tanto mais confere títulos sem conteúdo. Ainda que sejam de mestre ou de doutor!..

Penso, logo educo! Os professores que não se limitam a pôr rótulos aos comportamentos negativos dos seus alunos, procurando antes compreender as situações que lhe dão origem, são professores perspectivistas, professores que, em geral, têm menos indisciplina e problemas de autoridade nas suas turmas.

Também tenho dúvidas! Educar para o desenvolvimento e para a responsabilidade é mostrar às crianças e aos jovens que fazer perguntas e ter dúvidas pode ser tão importante quanto dar respostas e ter certezas. Educação que não ensina a questionar é educação sem qualidade.

Educar para a paz. Educar para a justiça. Os outros também existem!
Todos, muitos e só eu! Uma forma competente de educar os alunos para a cidadania e responsabilidade é ajudá-las a ver que cada um de nós é, em muitos aspectos, igual a todos os outros: sentido de universalidade; semelhante a muitos outros, em vários pontos de vista: sentido de pertença e de comunidade; e diferente de todos os demais em questões de foro íntimo: sentido de individualidade.

O seu ao seu dono: amor, contexto e actividade. Para a criança se desenvolver precisa de ser amada, ter contextos ricos em quantidade e qualidade e liberdade para agir e para explorar o meio. Quanto mais estes aspectos estiverem presentes menos serão prováveis as crises de disciplina na escola.

É acreditar que estamos a preparar jovens para o futuro que, como há tempos li do nosso cientista Carvalho Rodrigues “é muito novo, porque é muito antigo, e vem em todos os livros sagrados: É que, um dia, nós, em vez de comunicar, vamos comungar. E nesse dia, o bem de um é o bem de todos, o mal de um será o mal de todos.”

A transformação das escolas em comunidades justas é uma das maneiras mais pedagógicas e humanas de lidar com a questão da crise de disciplina que parece ter invadido as famílias, as escolas e a sociedade. Tal transformação é fácil de referir mas difícil de incrementar.

Não cometamos o erro educacional fundamental! É melhor que a escola elogie o aluno quando se comporta bem do que o censure ou castigue quando se comporta mal. Achamos que a criança mais não faz que o seu dever quando se comporta bem, nada merecendo por isso, mas deve ser castigada quando se comporta mal.

Eu sou capaz!... É muito educativo que a família e a escola promovam o sentido de auto-eficácia da criança e do jovem. Se a escola e a família ouvirem a sua voz em problemas que lhes dizem respeito, ajudá-los-ão a ser mais autónomos, por um lado, e mais próximos dos colegas, pais e professores, por outro.

Educar para o perdão? Sim, mas é melhor educar para a justiça. Às vezes somos obrigados a pedir perdão sem ter feito mal nenhum!

Sim, mas ainda não! As crianças e os jovens também devem aprender a auto controlar-se, ou a perceber que não podem fazer e ter tudo o que gostam “agora e já”. Muita indisciplina e delinquência tem a ver com a ideia de que se pode ter quase tudo sem quase nada fazer.
Penso, mas também sinto! É importante que a escola eduque para a inteligência, literacia e razão (os chamados três “Rs”: “reading, writing e reasoning”), mas também para o afecto, intimidade e emoção (os três “Cs”: “care, concern e connection”).

Brincar também é importante!

Se a escola não fosse tão aborrecida; se na escola houvesse mais comunicação e afecto; se os professores forem modelos de coerência, auto-respeito e responsabilização…. Não haveria na escola tanta crise de disciplina; crises de disciplina, contudo, sempre as houve e haverá.

Bibliografia:
Lourenço, O. (1993). Crianças para o amanhã. Porto: Porto Editora.
Lourenço, O. (1996). Educar hoje crianças para o amanhã. Porto: Porto Editora.