sexta-feira, 18 de abril de 2008

NOTAS SOLTAS!


O que eu sei
é que queremos uma educação moderna e inclusiva.

O que eu sei
é que queremos encontrar respostas para os nossos problemas
para os problemas dos nossos alunos
para os problemas da nossas escolas.


O que eu sei

é que a avaliação só tem sentido se for incentivo para a melhoria
minha, nossa
dos nossos alunos
da nossa escola.

O que eu sei
é que temos de tomar decisões
de imensa complexidade muitas vezes
e muitas vezes em segundos.


O que eu sei

é que também somos parte da "solução
e que as mudanças têm que ser construídas
tijolo a tijolo
e com as pessoas
os "rostos" das nossas escolas.

Sei que tenho de prestar contas
mas o que eu sei
é que queremos liberdade pedagógica
liberdade de acção
liberdade intelectual.

O que eu sei
é que somos pessoas
que os alunos são pessoas
que temos "razão" e "coração".

O que eu sei
é que neste "existente instante"
precisamos de "teias" que nos ajudem
a continuar a "inventar dias mais claros"
a "fotografar" manhãs mais "azuis"
para todos nós
- nós, os poucos muitos
ou muitos poucos -
para os nossos alunos
para as nossas escolas.

O que eu sei
-não!-
o que sabemos todos.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

TEMPO DE VÉSPERAS!

"O fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"


Via Anabela, um texto de João Pereira Coutinho a ler cuidadosamente.

"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades.
Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas.
Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê.
Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar.
Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição. Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito.
É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho, as quecas de sonho.
Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade.

O que não deixa de ser uma lástima. Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"

quarta-feira, 16 de abril de 2008

segunda-feira, 14 de abril de 2008

NOTAS SOLTAS COM D. HÉLDER


Se discordas de mim, tu me enriqueces

Se és sincero
e buscas a verdade
e tentas encontrá-la como podes,
ganharei
tendo a honestidade
e a modéstia
de completar com o teu
meu pensamento,
de corrigir enganos,
de aprofundar a visão...

Lições que não nos devem escapar


Diante de um colar
- belo como um sonho-
admirei, sobretudo,
o fio que unia as pedras
e se imolava anónimo
para que todas fossem um...


Afinador

Admiro e quase invejo
não tanto
teu ouvido privilegiado
que capta
cada nota,
e sente em cada uma
o mais leve desajuste
o menor passo em falso...


Admiro e quase invejo
a fineza com que levas
notas dissonantes
a de novo
se harmonizarem...




D. Hélder Câmara in O DESERTO É FÉRTIL

domingo, 13 de abril de 2008

O NORTE DE CADA UM!


A campainha tocou. "Queremos falar consigo!" Ouvi pelo intercomunicador. Como não conhecia quem estava do outro lado pedi que aguardassem e fui ao portão.


"Ah! É você!". Exclamaram surpreendidos. "Vamos embora. Não sabíamos que morava aqui." Perguntei-lhes porque tinham dito aquelas palavras e lá me foram esclarecendo que eram testemunhas de Jeová e como sabiam que eu era professor de moral, "um católico forte", não valia a pena falarem comigo. Senti que estavam com receio de falar. Não insisti em continuar a conversa. Apenas lhes disse que poderiam aparecer sempre que quisessem.


E não sei o que é isso de ser "católico forte". Apenas católico. Aliás, não sou, tento ser. Tento ser cristão. E respeito, respeito muito, quem pensa diferente, quem tem as suas crenças, as suas convicções e luta por elas. Nesta vida, temos que aceitar o caminho que cada um pretende seguir, seja no campo religioso ou político, desde que não coloquem em causa valores e direitos do Homem. Mau é quando não há tolerância nem humildade para respeitar o Norte que cada um escolheu.