sábado, 29 de março de 2008

TEMPO DE VÉSPERAS!

How many roads must a man walk down

Befor you call him a man?

Yes, 'n' how many seas must a white dove sail

Before she sleeps in the sand?

Yes, 'n' how many times must the cannon balls fly

Before they're fore ever banned?

The answer, my friend, is blowin' in the wind

The answer is blowin' in the wind.

How many years can a mountain exist

Before it's wasked to the sea?

Yes, 'n' how many years can some people exist

Before they're allowed to be free?

Yes, 'n' many times can a man turn his fead

Pretending he just doesn't see?

The answer, my friend, is blowin' in the wind

The answer is blowin' in the wind.

sexta-feira, 28 de março de 2008

"Avaliação de desempenho e identidade dos professores" é o tema da próxima tertúlia do CIIE - Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCE-UP).
Ver programa aqui.

quinta-feira, 27 de março de 2008

DESABAFOS!

A minha amiga e colega Carmen Faria enviou-me, por mail, o texto que deixo umas linhas mais abaixo. Não sei quem é o autor ou se anda ai postado nalgum espaço. É para sorrirmos um pouco e ver, também, muita verdade que ele encerra. Mas nada nos afasta daquilo que mais gostamos e queremos: estar junto daqueles que são a razão da nossa vocação. Deixem-nos andar fora de gabinetes; deixem-nos estar nas salas que realmente valem a pena; nas salas onde estão aqueles que são a nossa missão e que são o “lado mais bonito da educação e das escolas... O centro de tudo!”(3za). Deixem-nos estar nas salas de aula fora das escolas, no palco da vida. Precisam de nós lá. Sim, de todos nós. Poucos muitos ou muitos poucos. Mas o importante é que estejamos lá... É aí que somos felizes e fazemos os outros felizes. Deixem-nos sujar, enlamear, suar com os miúdos da mesma idade – sim, somos da mesma idade, daquela idade que todos sabemos: do sonho, da ilusão, da alegria, da ingenuidade, do risco, da confiança, do acreditar… E deixem-nos soltar flores e barquinhos e papagaios de papel.

Aqui fica o texto:

E querem que eu dê aulas!

Claro que sim!
Porque essa é a razão da minha vida, mas eu desabafo:

Faço projectos, planos, planificações;
Sou membro de assembleias, conselhos, reuniões;
Escrevo actas, relatórios e relações;
Faço inventários, requerimentos e requisições;
Escrevo actas, faço contactos e comunicações;
Consulto ordens de serviço, circulares, normativos e legislações;
Preencho impressos, grelhas, fichas e observações;
Faço regimentos, regulamentos, projectos, planos, planificações;
Faço cópias de tudo, dossiers, arquivos e encadernações;
Participo em actividades, eventos, festividades e acções;
Faço balanços, balancetes e tiro conclusões;
Apresento, relato, critico e envolvo-me em auto-avaliações;
Defino estratégias, critérios, objectivos e consecuções;

Leio, corrijo, aprovo, releio múltiplas redacções;
Informo-me, investigo, estudo, frequento formações;
Redijo ordens, participações e autorizações;
Lavro actas, escrevo, participo em reuniões;
E mais actas, planos, projectos e avaliações;
E reuniões e reuniões e mais reuniões!...

E depois ouço, alunos, pais, coordenadores, directores, inspectores,
observadores, secretários de estado, a ministra
e, como se não bastasse, outros professores,
e a ministra!...

Elaboro, verifico, analiso, avalio, aprovo;
Assino, rubrico, sumario, sintetizo, informo;
Averiguo, estudo, consulto, concluo,
Coisas curriculares, disciplinares, departamentais,
Educativas, pedagógicas, comportamentais,
De comunidade, de grupo, de turma, individuais,
Particulares, sigilosas, públicas, gerais,Internas, externas, locais, nacionais,
Anuais, mensais, semanais, diárias e ainda querem mais?

- Que eu dê aulas!?...

TEMPO DE VÉSPERAS!

“Fica tranquilo,
podes sempre começar de novo
e com novas ilusões.
Tens direito a enganar-te,
não te esqueças.”
Pilar Lago



Ao reler estas linhas tenho o sentimento que me revejo plenamente nelas e sinto que se tivesse que fazer tudo de novo, o caminho a percorrer teria sido o mesmo; não que tenha atingido todos os objectivos, nem acertado sempre, longe disso, mas porque acredito que tomei a direcção certa.

quarta-feira, 26 de março de 2008

PENSAR ALTO!

SUSPIROS!

SINAIS DOS TEMPOS!

"Há suspiros que devem ser levados longe...."(3za)

Um "assombro maravilhoso de Paixão Docente". (E.I.)

Não. Não vou continuar com o enlace para outros espaços para lerem o texto da Isabela. Quero-o aqui na "mesinha" de cabeceira do meu blog para eu olhar para ele e reflectir sobre ele todas as vezes que eu quiser.
AQUI FICA... OBRIGADO ISABELA!:

Os alunos não aprendem e a culpa é dos professores que não sabem ensinar??!!!
Esse foi o lema durante o meu estágio feito há mais de 20 anos!Durante uma aula assistida, um aluno perguntou-me que horas eram, e aqui d’el-rei que o menino estava enfastiado! Para bem dos meus pecados ainda tinha 27 alunos interessados na aula, que me valeram para “abafar o incidente”!


Como “o professor é um actor”,
fazia-se o pino,
entoavam-se as palavras,
passeava-se pela sala organizada em grupos de mesas,
gesticulava-se,
levavam-se resmas de imagens,
bonecos,
retroprojector,
diapositivos…

Cada aluno era um mundo e o professor tinha que se desdobrar por 28 / 30 pequenos mundos por hora…Não interessava muito o produto final, mas sim os processos, os percursos que cada aluno percorria durante o ano lectivo.


Trabalho de Projecto;
trabalho em grupo;
pedagogia Freinet;
nada de autoridades;
muita motivação;

as aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, mas sim pela experiência; o fracasso inibe, destrói o ânimo e o entusiasmo… enfim tudo era motivador.Cada Unidade de Trabalho começava sempre por “sensibilização dos alunos ao problema de…”E os alunos ficavam sensibilizados.Resultou? Sim resultou. Durante muitos anos este tipo de pedagogia resultou nas minhas aulas e nas dos meus colegas. Os alunos respondiam aos desafios, experimentavam, eram curiosos, interessados e aprendiam.E agora? Como é agora?Se na pedagogia Freinet tudo era centrado nos interesses das crianças, porque é que agora não resulta?

Quais são afinal os interesses das crianças e dos adolescentes de hoje?


Passou quase um século, desde Freinet…Agora os interesses mudam todos os dias. Mudam muito mais depressa do que antigamente. Mudam dois dias antes de se pôr em prática a melhor pedagogia, a melhor metodologia, as melhores estratégias…


Ah! O zapping!
Agora está na moda o zapping!
Hoje gosta-se disto,
amanhã gosta-se daquilo.
Não presta,
deita-se fora,
troca-se,
compra-se novo,
desfaz-se,
muda-se de emprego,
de casa,
de canal de TV,
de marido,
de mulher,
de amigos…
tudo ao alcance de um click!
Estamos na era do zapping,
do imediatismo,
do facilitismo,
“do quero ter já e depois logo se vê”!

As novas tecnologias, os novos sistemas de comunicação, entram-nos pelos olhos, pelos ouvidos, pela nossa casa dentro, todos os dias e a toda a hora. E não é mau. Usamo-las.

Já não dispensamos o nosso ipod,
a Tv,
o PC,
o telemóvel,
o pocket PC,
o iphone,
a PSP,
a pendrive…
e tantos outros gadgets que nos inundam o dia a dia.E de repente, toca para a aula e entram-nos 20/30 alunos por uma porta que se sentam em frente de um quadro negro (ou verde), virados para uma criatura que os proíbe de utilizar os Mp3 e os telemóveis, e lhes pede que estejam sentados a conjugar os verbos, a fazer equações, a ouvir contar os descobrimentos…
E eles que já nascem com a cabeça levantada, que com menos de um ano de idade percorrem os corredores dos hipermercados em alcofas e cadeirinhas penduradas nos carrinhos de compras, a levar com outdoors, cartazes, luzes, sons…
Eles que desconhecem o que quer dizer “concentração”, porque já nascem com “concentração dispersa”, eles que conseguem estar atentos a 4 ou 5 coisas ao mesmo tempo, eles que já nascem hiperactivos, têm que permanecer sentados numa sala de aula a aprender matérias que não percebem bem “para quê?”Para quê ler, se viajam mais e melhor através da Net?Para quê memorizar aquela quantidade de nomes ou a tabuada, se pode estar ao alcance de um click? Para quê?Hoje já não “disfarço” os conteúdos como antigamente fazia. Eles não gostam. Acham que é tratá-los como atrasados mentais. E têm razão. Para quê projectar “a caixinha” na aula de Matemática, que é construída em Ed. Tecnológica, é pintada na aula de Ed. Visual, é cantada em Ed. Musical, é escrita no Português, traduzida em Inglês e reciclada em Ciências Naturais?Dar “a seco” os conteúdos, porque afinal assim eles “sabem” o que estão a aprender.Também já há salas repletas de computadores, onde os alunos se atiram vorazmente a cada PC, surfando indiscriminadamente na Net ou utilizando o MSN e outros programas do género, onde costumam passar horas a conversar com os próprios vizinhos do lado…

Já não conversam muito entre eles. Falam teclês na Internet, por SMS…

Afinal o que é que querem?
Quais são os seus interesses?
Porque é que as famílias os depositam nas escolas onde sabem estarem seguros?
Porque é que ao mesmo tempo certos pais desvalorizam a escola?
Porque é que os alunos não aprendem?
O que é que afinal quereriam aprender? Ou deveriam aprender?
Porque estão cada vez mais agressivos, mais violentos?
Porque é que os pais não os educam?
Porque é que os profs têm que “tomar conta deles” mesmo depois das aulas?
Porque é que muitos têm famílias desestruturadas
e por isso mesmo gostam cada vez mais da escola,
do recreio da escola?
Porque é que os profs têm que competir com a televisão,
os MP3, os computadores…. etc?
Porque é que já não conseguimos sensibilizá-los para nada?
Porque é que já não se encantam com um bom livro
que a professora lhes mostrou?
Uma imagem?
Uma exposição?
Um filme?
Uma aula que levou horas a preparar?

Afinal temos que competir com os gadgets que eles trazem no bolso?!!
Afinal para que é que todos temos o telemóvel no bolso, se temos que o ter desligado?
E se o meu filho precisa de mim e telefona? E a minha mãe, que está doente e sozinha?
E porque é que não posso ouvir música ao mesmo tempo que o prof. fala, se lá em casa todos trabalham no PC, com a TV ligada, o CD a tocar, os miúdos a gritarem….?
A comunicação mudou. A comunicação mudou? As matérias são uma seca. A professora é uma seca. Diz o meu filho em casa.Temos que pensar o que é que queremos. Não para amanhã, mas o que queremos para daqui a 10, 20 anos.
Temos que reflectir sobre muita coisa.
Temos que reformar muitas coisas.Temos que nos actualizar.
Temos que aprender outras coisas.
Temos que ouvir os adolescentes de hoje.
Temos que ser ajudados.Temos que nos entre ajudar.
Temos que nos equipar.
Temos que experimentar outras coisas.
Temos que “inventar” novas aulas, novas salas de aula.
Temos que nos adaptar aos novos alunos, às novas famílias, às novas profissões, aos audiovisuais, às novas formas de comunicação, até ao zapping!
Temos que aprender novas maneiras de ensinar.
Temos que aprender novas maneiras de aprender.

Mas, de repente, cai-nos um país em cima que diz que está tudo mal e que a culpa é nossa e por isso temos que ser castigados!
Também somos pais, que diabo!

Acabo de ver na Internet o tal vídeo da aluna aos gritos e puxões à professora, só porque esta lhe retirou o telemóvel enquanto decorria a aula. Uma turma inteira a faltar ao respeito a uma professora, que tenta desesperadamente desempenhar o seu papel, que com certeza já trabalha há muitos anos. Reparo agora que não é só este, mas centenas deste género de vídeos que mostram cenas em salas de aula onde se passa tudo, menos ouvir o professor! São escolas em Portugal, em Inglaterra, no Brasil e pelos 4 cantos do mundo. Mas afinal o que é que se está a passar?! De repente todos os professores perderam a autoridade na sala de aula?! E os valores? Ainda são os mesmos valores que perduram? Respeito é sempre respeito. Falta de respeito há 20 anos é a mesma falta de respeito hoje? Aqui em Portugal, de há 3 anos para cá tem sido uma alegria com alguns políticos a denegrirem a imagem dos professores. Nos outros países não sei. Será que a culpa é dos telemóveis?
São verdadeiros génios os professores que conseguem manter a disciplina e o interesse dos alunos (uma turma inteira – 28 alunos) numa sala de aula durante um dia!
Perguntemos aos pais de hoje se conseguem manter os vossos filhos quietos sentados à mesma mesa a conversar?

Quanto tempo dura o vosso jantar lá em casa?
No meu tempo era a hora sagrada em que estávamos com os nossos pais a conversar à mesa.São os vossos próprios filhos – devem conhecer-lhes os interesses, caramba!
Quanto tempo conseguem estar à conversa com eles, ou a ensinar-lhes qualquer coisa?
Nem que seja só as boas maneiras?
Quanto tempo conseguem prender a atenção dos vossos filhos adolescentes?
É que eu já tenho dificuldade em fazer isso mesmo com os meus próprios filhos!

Então, percebam o que é que se pode conseguir sem equipamento nenhum. Só com uma sala cheia de mesas e cadeiras, um quadro negro de giz… e 28 pessoas diferentes.Entretanto proliferam livros e documentários sobre pequenas crianças ditadoras e pais que pedem ajuda… O que é que se passa afinal?!

Os pais estão a demitir-se e pede-se à escola que os substituam também?
São tantas as questões que gostava de ver debatidas, analisadas, reflectidas em conjunto com pais, professores, alunos, governantes…
Claro que queremos ser avaliados. Claro que temos sido avaliados. Há listas de graduação a nível nacional. Estágios, formação anual, antiguidade… más condições e péssimos salários, agora congelados… Para quando as Reformas a sério?

Uma coisa eu tenho a certeza, não se conseguirá nada sem o envolvimento de todos. Sou mãe de 3 filhos e professora há 28 anos. Nunca tive problemas de indisciplina nas minhas aulas, mas tem-me saído do pêlo e do tempo que tiro à minha própria família, dedicando-me à escola a tempo inteiro, mas até quando?Os alunos que me aparecem nas aulas são cada vez mais problemáticos. O seu desinteresse, a falta de empenho e de trabalho crescem avassaladoramente. As forças vão-me faltando e os resultados são cada vez menos positivos. E não, não estou a falar dos resultados do aproveitamento, mas dos resultados das estratégias que utilizamos para ganhar o interesse dos alunos. Esses são para mim os mais importantes, porque os outros decorrem naturalmente dos primeiros.São os programas, as matérias, os fracos recursos de que dispomos, a própria estrutura em que se sucedem as aulas, as vidas familiares turbulentas e desequilibradas, a grande disparidade entre a vida lá fora e o comportamento que se pretende numa sala de aula, que provocam este desinteresse nos alunos de hoje.

Mudar?
Sim.
Mas como?
Para onde?
De que maneira?

Pensar uma escola a longo prazo e no que queremos destes cidadãos daqui a 20 anos, parece-me ser o caminho mais certo. Não interessam reformas para hoje, nem para eleições. Não é só encher as escolas de computadores, se não se souber para que os queremos ou como usá-los. A tecnologia avançou largamente estes últimos 20 anos.

E a educação?
A escola?
É por decreto que se faz a escola do século XXI?

São os professores os culpados por todo este estado de sítio?!

segunda-feira, 24 de março de 2008

GIRANDO O MAPA DO MUNDO



Partiram há já sete meses e ainda não terão chegado a meio da volta ao mundo. Estando no Nepal de momento, a Clara e o Miguel, deixaram para trás muitas outras terras e crónicas: Madrid, Havana, Galapagos, Quito, Buenos Aires, Ushuaia, Polinésia, Ilha da Páscoa e Nova Zelândia; com passagens por Tahiti, Moorea, Huaihine e Raiatea. Com a devida vénia ao MINISCENTE, deixo aqui uma das últimas crónicas, com o Tibete no coração. Convido a quem me visitar que procure ler as crónicas anteriores e, sobretudo, as últimas, que falam da vivência, em directo, da situação tibetana: Em directo do Tibete: a denúncia; o Tibete e a liberdade...


"Tibete"


"Não sou jornalista.

Acrescento sempre palavras ao que vejo. E guardo outras, num recanto do meu egoísmo. Não acreditem no que escrevo, pensem apenas. Porque pode ser verdade.e
Quem é que nunca sentiu a surpresa de uma notícia? Ou o susto de uma bomba de Carnaval? Ou encontrou um conhecido num lugar improvável? Ou se queimou, se arrependeu, pisou um buraco? Momentos… momentos… momentos… em que não temos tempo para controlar a parte de dentro do corpo. Era dia 10 de Março. E o maior desses momentos aconteceu. Descíamos a rua do Mosteiro de Drepung, com dezenas de monges, em debates e amizades criadas pelo puro acaso durante todo esse dia. Um falava sobre a importância da data, outro de liberdade, da vida, de estarem a um passo de ter voz. Apenas voz. Nem cabíamos dentro da pele. Os únicos diferentes do meio, mas no meio. Entre sorrisos vermelhos e vestidos de confiança, faláv… Sinto um braço a puxar-me, a rua bloqueada, e tanta gente. Polícias de choque, militares, camiões, um barulho confuso a impedir o caminho para Lassa. E um braço. A insistir, a puxar-me. Num segundo levou-nos para o outro lado da rua. Vi que era um polícia. Não podem estar aqui. Continuem a andar. Do outro lado os monges, num silêncio cada vez mais afastado. Mais carros, e homens, e carros, e homens. Sem farda. Fecharam as lojas, fecharam as casas. Voltaram. Tiraram as pessoas das casas. Continuem a andar. Ninguém olhava para trás. O medo envolvia os corpos. O que se passa? Responderam-nos: um fogo; exercícios… duas vozes fardadas. Queríamos voltar para trás. Já não conseguíamos ver as caras, apenas roupas vermelhas abafadas por uma força violenta. Armada.
E foi o início. Sabemos que muitos desses monges morreram no final desse dia.
E após quilómetros a andar por estradas de terra não batida, a tentar inventar ruelas que nos levassem a testemunhar a prepotência militar e policial sobre pessoas desarmadas, descobrimos o pior. A nossa impotência. O bloqueio estendia-se ao inimaginável, até nenhum som vindo do Mosteiro se conseguir ouvir. Máquinas fotográficas inspeccionadas ao milímetro, questionados ao milímetro, desde esse instante, controlados ao milímetro. Telefones, internet, conversas, gestos e decisões. Tínhamos sido as únicas testemunhas do início, da violência utilizada sem justificações de defesa, da experiência que demonstraram, da rapidez com que limparam o local de olhos e provas, da postura silenciosa daqueles monges. Os sete dias até à chegada ao Nepal, por terra, a dormir em pequenas aldeias no meio dos Himalaias, ficaram marcados pela tentativa de criar medo. Presos nos quartos, revistados, identificação constantemente exigida na estrada e após a única consulta do e-mail, horas passadas na fronteira… Mas não foi o que mais me assustou. Foi a certeza do que vi: o controlo do povo chinês e tibetano levado ao extremo por violência e impunidade; a quantidade sem fim de agentes à paisana ou pessoas que a troco de uns sapatos novos falam do que se passa na casa ao lado; o medo; a propaganda; a confissão assustada de que a falta de direitos humanos ultrapassa o não ter pão. Aqui morre-se por ter opinião.
E tudo o resto que vivi no Tibete ultrapassa um texto legível… por enquanto. Mas tenho voz. E não me esqueço."

Obrigado, Clara, por este testemunho

domingo, 23 de março de 2008

APONTAMENTOS

Métodos de Investigação em Educação (via PAIDEIA):

ACORDE PERFEITO!

"Dar a vida não chega,
não é um acorde consonante com a substância.
Ressuscitar, sim, é o acorde perfeito."
Gabriela Llansol


Foram as mulheres de manhã bem cedo, ao raiar do sol, refrescar com perfumes o corpo do Mestre. O coração estremeceu e quase parou ao olharem e verem que a pedra do sepulcro havia sido removida. Entraram , mas não encontraram o corpo de Jesus. O que acontecera? A voz de um anjo esclareceu: "Por que procuram entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, ressuscitou!" Saíram dalí e foram levar a boa nova a todos os demais.


A sepultura tornou-se berço de uma nova dimensão para o homem: a transcendência do amor. O amor que leva a preferir o outro à minha própria vida. Ou, nas palavras de Gabriela Llansol: "Que a ressurreição não é um acto de potência divina, mas a suprema manifestação de amor. Dar a vida não chega, não é um acorde consonante com a substância. Ressuscitar, sim, é o acorde perfeito."