sábado, 13 de fevereiro de 2010

CONVERSAS DE ESPLANADA!


Há uns dias atrás, no café ao lado: Aqui del rei que esta juventude está perdida. Não sabe o que quer da vida! Gente adulta desiludida com os jovens. Não estarão, também, os jovens desiludidos connosco? Na hora do balanço, as culpas, acredito, estarão nos dois lados da barricada. Eu digo: É preciso confiar neles, escutá-los e conquistá-los para depois exigirmos, também, compromissos de futuro para eles e para o mundo. É que o esforço por um mundo melhor que hoje em dia nos é pedido e porque tal é urgente, tem que ser de todos, para todos e com todos. Ninguém pode ficar de fora!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

RECADO DE FERNANDO NOBRE


Apesar de ter já uns dias o mail que me foi enviado por um amigo, tendo em conta a pertinência das palavras de Fernando Norte, Presidente da AMI, relativamente ao posicionamento do governo português e do patronato que defendem a manutenção, em Portugal, do salário mínimo nos montantes actuais, não queria deixar de as registar aqui, ou melhor, transcrever para aqui o mail que recebi:


O presidente da AMI, Fernando Nobre, criticou ontem a posição das associações patronais que se têm manifestado contra aumentos no salário mínimo nacional. Na sua intervenção no III Congresso Nacional de Economistas, Nobre considerou "completamente intolerável" que exista quem viva "com pensões de 300 ou menos euros por mês", e questionou toda a plateia se "acham que algum de nós viveria com 450 euros por mês?"


Numa intervenção que arrancou aplausos aos vários economistas presentes, Fernando Nobre disse que não podia tolerar "que exista quem viva com 450 euros por mês", apontando que se sente envergonhado com "as nossas reformas".


"Os números dizem 18% de pobres... Não me venham com isso. Não entram nestes números quem recebe os subsídios de inserção, complementos de reforça e outros. Garanto que em Portugal temos uma pobreza estruturada acima dos 40%, é outra coisa que me envergonha..." disse ainda.


"Quando oiço o patronato a dizer que o salário mínimo não pode subir.... algum de nós viveria com 450 euros por mês? Há que redistribuir, diminuir as diferenças. Há 100 jovens licenciados a sair do país por mês, enfrentamos uma nova onda emigratória que é tabu falar. Muitos jovens perderam a esperança e estão à procura de novos horizontes... e com razão", salientou Fernando Nobre.


O presidente da AMI, visivelmente emocionado com o apelo que tenta lançar aos economistas presentes no Funchal, pediu mesmo que "pensem mais do que dois minutos em tudo isto". Para Fernando Nobre "não é justo que alguém chegue à sua empresa e duplique o seu próprio salário ao mesmo tempo que faz uma redução de pessoal. Nada mais vai ficar na mesma", criticou, garantindo que a sociedade "não vai aceitar que tudo fique na mesma".


No final da sua intervenção, Fernando Nobre apontou baterias a uma pequena parte da plateia, composta por jovens estudantes, citando para isso Sophia de Mello Breyner. "Nada é mais triste que um ser humano mais acomodado", citou, virando-se depois para os jovens e desafiando-os: "Não se deixem acomodar. Sejam críticos, exigentes. A vossa geração será a primeira com menos do que os vossos pais".


Fernando Nobre ainda atacou todos aqueles que "acumulam reformas que podem chegar aos 20 mil euros quando outros vivem com pensões de 130, 150 ou 200 euros... Não é um Estado viável! Sejamos mais humanos, inteligentes e sensíveis".

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

NOTAS SOLTAS COM D. HÉLDER CÂMARA!


Nunca mais esquecerei essa figura franzina, de sorriso largo e olhar sereno - vejam a foto que acompanha o texto -, que conheci num encontro de Jovens na Igreja de Cedofeita no Porto, no início da década de 80 do século passado (que estranho!). Pouco mais de um metro e cinquenta, "bonzinho e feiinho como o E.T." ( na altura fazia furor o filme), como ele próprio se definia, encantou a plateia e as três horas que alí passámos parecia que tinham sido apenas uns minutinhos.
Hoje, partilho convosco, neste espaço, três "notas" poema-refleção-partilha-inquietações de um dos seus livros: O Deserto é Fértil:



SE DISCORDAS DE MIM, TU ME ENRIQUECES!

Se és sincero
e buscas a verdade
e tentas encontrá-la como podes,
ganharei
tendo a honestidade
e a modéstia
de completar com o teu
meu pensamento,
de corrigir enganos,
de aprofundar a visão...



LIÇÕES QUE NÃO NOS DEVEM ESCAPAR!

Diante de um colar
- belo como um sonho-
admirei, sobretudo,
o fio que unia as pedras
e se imolava anónimo
para que todas fossem um...


AFINADOR

Admiro e quase invejo
não tanto
teu ouvido privilegiado
que capta
cada nota,
e sente em cada uma
o mais leve desajuste
o menor passo em falso...

Admiro e quase invejo
a fineza com que levas
notas dissonantes
a de novo
se harmonizarem...



D. Hélder Câmara in O DESERTO É FÉRTIL