quinta-feira, 29 de outubro de 2009

PAIS E FILHOS

Caro J.P.!
Sei que o teu final de dia hoje não foi fácil. Nada fácil, aliás.
Senti o quanto sofreste porque fizeste sofrer. E caro J.P., não podemos tratar os outros como se objectos fossem; brinquedos nas nossas mãos que deles fazemos o que queremos, como queremos e quando queremos. E muito menos quando essas pessoas são os nossos pais. Sei que o que disseste foi um momento menos feliz. Momentos que acontecem mas que não deveriam acontecer. As palavras depois de serem ditas, tornam-nos escravas delas. E muitas vezes as palavras são bem mais duras que o estalo ou um murro.

E lembrei-me de procurar um texto de um amigo, José Fernandes de Oliveira, mais conhecido por Padre Zézinho, tirado do seu livro "Se eu pudesse falar aos jovens", que eu adaptei ligeiramente e que te deixo aqui para reflectires, ou se quiseres, para reflectirmos juntos. Aqui fica:

"O amor dos pais não tem contabilidade... Ouviste?!...

O homem que é teu pai gastou, aproximadamente, dezoito anos voltado para ti, para o teu crescimento e para o que vai acontecer daqui por diante na tua vida jovem.
Faz um cálculo comigo:

10 horas de trabalhos no emprego, no caminho e em casa;
10 x 30: 300 horas por mês;
300 x 12: 3 600 horas por ano;
3 600 x 18: 64 800 horas de trabalho por ti.
Acrescenta a estas horas umas 12 000 a mais que ele passou preocupado contigo, enquanto crescias e precisavas de atenção.
O teu pai já deu cerca de 80 000 horas do seu tempo.
Em dinheiro então não se fala. Comida, roupa, remédios, alimentação espacial, diversão, mesadas, estudos, roupa, telefone, etc., etc., etc. Custaste muito, se realmente queres saber o quanto o teu pai já gastou contigo.

E a tua mãe então nem se fala. Nem sei se dará para contabilizar. O que ela te deu em matéria de tempo passa tranquilamente das 150 000 horas, pois a mãe costuma ficar quase 18 horas por dia com o filho quando ele é bebé e cerca de 10 horas na primeira infância... Horas que vão diminuindo na proporção do crescimento dos filhos.

Tu custaste muitas renúncias: ao baile, à televisão, ao cinema, aos passeios, a um vestido ou roupa nova; ao carro novo que o teu pai queria, ao sono, ao direito de se amarem, ao descanso e a mil outras coisas mais.

Em troca, os teus pais pedem relativamente pouco: que correspondas escolhendo bem os amigos, as amigas, a namorada, as diversões e coisas semelhantes, que chegues a casa a horas de forma a que não fiquem preocupados, já que passaram muitas horas e muitos anos dedicados única e exclusivamente ao teu crescimento. Que sejas moderado nas coisas que fazes e que dizes, que sejas respeitador e responsável, mas, sobretudo, que progridas nos estudos ou no trabalho. É muito pouco para quem te deu tanto.

Agora, apenas um conselho de amigo: Da próxima vez que disseres que os teus pais não te entendem e que estão ultrapassados; que os pais dos outros é que são bons pais porque deixam que os filhos façam tudo o que querem; que lhes dão tudo o que lhes pedem, não te esqueças desses pequenos pormenores que te apresentei.

Para os teus pais continuarás a custar muito pouco, porque o amor dos pais não tem contabilidade. Só o de filhos egoístas que às vezes, por não conseguirem fazer tudo o que queriam, costumam dizer que não pediram para nascer..."

Não me leves a mal. Foi o que me ocorreu de repente, pois nem sempre os pais têm toda a culpa. O egoísmo também ataca aos dezasseis, aos dezoito..."

Caro J.P., resta-me dizer que admirei o teu pedido de desculpas e o teu arrependimento, mas as coisas não se apagam como borracha que retira do papel palavras escritas. Que este percalço não se repita. O teus pais não merecem isso. Sofrem eles e sofres tu.

Fica bem. Amanhã virá um novo dia e com ele a esperança de novos horizontes.

E para que conheças a pessoa excepcional que escreveu as palavras que acima te deixei, deixo-te um pedacinho de um espectáculo dele:

TEARES!


"As pessoas aprendem quem são
e o que são
através da maneira como são tratados
pelas pessoas importantes na sua vida"
...
"Aprende-se pouco
das pessoas que não são importantes para nós"

Zenita Guenter

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

DIA MUNDIAL DA TERCEIRA IDADE!


Ontem, apenas coloquei aqui a primeira parte dum texto de D. Hélder. Hoje, não resisto a colocar o texto completo, que vem mesmo a propósito do dia que hoje celebramos:

Quando assistires
à retirada dos andaimes contempla
- é claro –o edifício que surge.
Mas pede pelos andaimes,
pois é duro servir de suporte à construção,
ser necessário à obra
e na hora da festa
ser retirado como entulho.

Não é o que acontece todos os dias? Ninguém constrói um prédio sem andaimes. E quanto maior é o edifício, mais andaimes. Vem a festa da cumeeira. Mas quando o prédio está acabado, os andaimes sobram. Ninguém pensa mais neles; são retirados como entulho.
Já várias vezes usei a palavra sobrar. Já pensaram como é triste, como é duro sobrar? É um dos verbos mais difíceis de conjugar, é uma das realidades mais tristes de viver...
Aquela senhora era moça, forte, bonita, cheia de vida. Era o centro da casa. Cuidou dos filhos. Criou meninos e meninas que viraram moças e rapazes, e se foram empregando, e foram casando, e foram partindo. Hoje, a dona da casa já idosa, cansada, doente, está sobrando. Os filhos nem se lembram da trabalheira terrível, dos sacrifícios que ela teve com eles.
Aquele senhor era o chefe da família. Vendia saúde. Forte, disposto, trabalhador, sustentava à casa inteira e ainda acudia a velha mãe e uns parentes pobres da esposa. Teve um derrame. Está meio entrevado. Recebe uma micharia do Instituto. Anda nervoso. Dá trabalho. Ninguém se lembra mais do que ele foi como os andaimes, sem os quais a casa não se faz, o edifício não sobe. Está vivendo a hora de os andaimes serem retirados como entulhos. O edifício não precisa deles.
Deixo aqui dois apelos:
- Quem tiver em casa gente sobrando, gente que foi gente, hoje é sombra do que foi, e só dá trabalho, e despesa e preocupação;
- Quem tiver gente sobrando em casa, faça tudo para ter paciência, ser agradecido, não humilhar... lembre-se de que seu dia chegará. O tempo passa mais rápido do que a gente pensa. Não humilhe e não deixe que humilhem ninguém.
E meu apelo a quem pensar que está sobrando: não deixe esse travo entrar na sua vida. Não se encha de amargura. Esqueça o verbo sobrar.
Um dia lhe provarei como da sua sombra e da sua humilhação, você pode ajudar o mundo inteiro...


Dom Helder Câmara –
do livro "Um olhar sobre a cidade"

terça-feira, 27 de outubro de 2009

TEARES DO DIA A DIA

Hoje, pela manhã, um amigo desabafou, com alguma tristeza, o facto de se terem esquecido dele quando agradeciam o enpenho das pessoas em determinada tarefa. Atesto que é verdade porque não ouvi o seu nome a ser mencionado. Mas isso não acontece de quando em vez nas nossas vidas? O importante é que as pessoas que estão em "campo" saibam que nós estamos lá; que na hora da verdade não falhamos; que na hora da luta não viramos a cara. E lembrei-me de um poema de D. Hélder Câmara:


Quando assistires
à retirada dos andaimes contempla
- é claro –o edifício que surge.
Mas pede pelos andaimes,
pois é duro servir de suporte à construção,
ser necessário à obra

e na hora da festa ser retirado como entulho.

Dom Helder Camara –
do livro "Um olhar sobre a cidade"

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

PARABÉNS JOÃO NUNO!

Dia do Colégio. Dia de festa. Dia de premiar os alunos do Quadro de Excelência.
Não é que esteja muito de acordo com este género de distinções pois um aluno não deveria pertencer ao Quadro de Excelência apenas pelas notas. Indicadores como o empenho, o altruísmo, a solidariedade, o respeito pelos outros, etc... deveriam ser tidos em conta mas, dizem, isso seria muito subjectivo.
Mas que os pais ficam felizes por verem distinguidos o esforço dos seus filhos, lá isso ficam. E eu fiquei, como a mãe e a irmã... Força João! O João recebe a distinção do Subdirector do CIC
Há que registar o acontecimento para a história.

E os meus parabéns aos alunos que com o João foram distinguidos.

Daniel, Joana, João, Sofia, Mikola, Beatriz, Manuel, Inês e Tiago... para mais tarde recordar.