quinta-feira, 26 de junho de 2008

O CANTINHO DO PADRE MÁRIO!

A Igreja como Coração aceso de Amor

No Manuscrito B, Teresa narra a sua descoberta do Coração da Igreja como «Coração aceso de amor», partindo da leitura do capítulo trigésimo da primeira carta de S. Paulo aos Coríntios.

Descobre no amor a realidade essencial da Igreja,
unindo as diferentes vocações,
unindo de modo muito mais profundo a Igreja da terra à Igreja do Céu,
já que apenas «a caridade nunca acabará» (1Cor 13, 8).

O amor, sendo essencial na terra e no Céu, dá a possibilidade de amar o Senhor em plenitude e de forma desmesurada já aqui, na imediatez desta vida. Tais são as grandes afirmações de S. Tomás de Aquino, esplendidamente verificadas por Teresa.

Quando também ela experimenta a maior obscuridade na sua fé, vive já «o amor absoluto». Dizia o Apóstolo Pedro, falando aos cristãos de Jesus: «Sem o terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, crestes Nele e isto é para vós fonte de uma alegria inefável e gloriosa» (1Pe 1, 8).

Esta é a mesma alegria que ela partilha no meio da mais espessa escuridão, a alegria indescritível de amar a Jesus sem nunca O ter visto e sem O ver no presente. Por isso escreveu: «Jesus, amar-Te é a minha felicidade!».


Um Amor com todo o coração.

S. Teresa «ama com todo o coração» a Deus e aos homens, no mesmo amor de Jesus.

Trata-se da mais alta expressão simbólica da caridade como amor único a Deus e ao homem em Jesus.

Este simbolismo, neste sentido, reúne tudo,
isto é, toda a realidade divina e humana,
visível e invisível,
carnal e espiritual,
todas as dimensões do coração humano,
todas as relações com Deus e o próximo.

Com frequência compara o seu coração a uma lira, em que o Espírito Santo faz vibrar as cordas com as simples palavras: «Jesus, eu amo-te». De facto, amando a Jesus o coração alarga-se.

No seu coração de mulher as cordas musicais do amor são quatro:
- o esponsal
- o materno
- o filial
- o fraterno.

O mesmo amor realiza-a humanamente de forma plena como esposa, mãe, filha e irmã.

3 comentários:

Avó Pirueta disse...

Padre Mário, até parece mais simples e directo do que nas semanas anteriores, mas a verdade é que este Amor de Teresa me faz sempre reflectir, quem sabe se para me desculpar, se não será preciso um dom especial do Espírito Santo para amar assim. Pergunto-me igualmente se o meu amor esponsal, de um Marido corporal, o meu amor maternal (aqui, sim, talvez possa juntar mais filhos aos que Deus me deu de sangue)o meu amor fraternal podem sequer aproximar-se do de Teresa. Embora nós saibamos que Deus nunca nos pede nada que não possamos fazer ou suportar, ficam-me sempre tantas dúvidas: chega este amor? chega esta paciência? chega este perdão?
E ainda: por que cometo sempre os mesmos erros. ´Por isso uma vez disse ao meu confessor que o melhor era gravar os meus pecados e pôr a fita a correr, porque, embora sentindo que era uma vergonha, caía sempre nos mesmos. Sorrindo, ele disse-me que ainda não tínhamos chegado a esse ponto, mas talvez, com a falta de vocações, ele qualquer dia tivesse que ouvir de confissão por telemóvel.
Desculpe este intervalo humorístico, mas Deus ri, não é verdade? Até à semana e obrigada por me pôr a pensar. Um abraço, Carmo

AnaMar (pseudónimo) disse...

São as formas de amor que também reconheço. E é assim que também amo.

Parabéns por este espaço de tranquilidade e fé.
Abraço

Anónimo disse...

E porque hoje é quinta-feira...

Começo por agradecer à Avó Maria do Carmo as sábias palavras que me escreveu. Concordo que Avós, se forem AVÓS, basta sê-lo...!

Parabéns pelos comentários que faz, denotam sabedoria, muita experiência e vivência.

Já agora, tive curiosidade e visitei o seu blogue, gostei! Sou professora de português, prometo lá voltar logo que acabe a semana das avaliações.

Hoje, o Pe. Mário Jorge trouxe-nos mais uma perspectiva diferente do amor vivido por S. Teresa.
Li-o, atentamente, mas vou comentar apenas a última parte: amor esponsal, maternal, filial e fraternal. Senti-os todos, vivi-os todos, dediquei-me a todos...
em todos vivi momentos óptimos de reciprocidade, partilha, afecto e dedicação; mas em todos também sofri desilusões, tristeza, senti solidão e abandono...
O tempo ajuda a ultrapassar os momentos negativos e o nosso coração regenera-os rapidamente, pois bate, bombeando o sangue venoso e criando espaço ao arterial para que entre e conduza o oxigénio fresco e vigoroso, revitalizando todo o nosso ser.
É o ciclo da vida e ainda bem!

Estou viva e cheia de vontade de viver e de, tal como S. Teresa, continuar a amar: a mim mesma, aos outros e a todas as realidades que são mais ou menos importantes...

Para terminar, caro Pe. Mário Jorge, mais uma vez, obrigada por este tema nos deixar a pensar...