terça-feira, 13 de maio de 2008

MÃAAAEEEE... MÃAEE... MÃE!

Mãaaaeeeee!


Reconheço esta voz, este grito...este tom de emergência vindo não sei bem de onde... que se repete, que entoa pela casa toda...


Mãaaaeeee...
...Tão alto que nem sequer dá para me fazer de surda, de muda e...
...Ignorar?!
nem pensar!!!


- Já vou! Não grites!!! O que foi?
É sempre uma coisa qualquer:
Fome...
Sede...
Sono... chichi...
Um puxão de cabelos...
Um boneco partido...
Um desenho rasgado...
Medo do escuro...
Mãaaeeeee, posso ir para a tua cama?!...
- O que é? Não grites...!!!
... Uma boneca sem cabeça...
Uma guerrinha entre o Nuno e a Joana.
O Vítor puxou-me o cabelo...
O carrinho partiu as rodas...
Um capricho... só um capricho???
Não, capricho não, porque os meus filhos aprenderam o significado da palavra NÃO!


Mãaaeeee...
- O que é?!!!
Não ouço resposta... o silêncio atormenta mais do que os berros, os gritos ou o choro... Mãaaeee...


Que doce palavra, tão curtinha mas tão intensa, tão cheia de mimo, tão cheia de significado... Hum! Hum!
E quando se metiam na nossa cama?
Adormacíamos dois e, não sei bem como, acordávamos quatro, sempre quatro.
Seria o medo?
Seria o escuro?
Ou o calorzinho da cama dos pais, o aconchego dos abraços matinais, o cheirinho das boquinhas que "cheiram a papel", as conversinhas a quatro...
Mãaaeeee...
E vai mais um mimo...
um xi-coração...
um colinho...
vão pedir algo!!!
Sim, vão pedir algo!
Que se dane!
É tão bom receber estes miminhos, mesmo interesseiros...irresistíveis... que bom!
Depois decido se me deixo levar ou não!!!
Quando se enroscam em nós e ficam "molinhos"...
Quando as suas urgências são apenas toques...
mimos...
meiguices...
... E como tudo passa tão depressa!!!

... Mãaaaeeee... mãaee...
...E a palavra vai ficando mais pequena...
...Vai perdendo o alarido, o grito que outrora tinha...

...Fica mais suave, à espera da minha resposta... mãaee... e eu aprendo com eles as mais variadas entoações do amor.
Mãe... as sílabas diminuem à medida que os filhotes vão crescendo.
Mãe... outrora tinha dez, oito, seis... sílabas. Agora apenas uma: Mãe!
Ao longo dos anos, deixei de ter nome próprio e passei a ser simplesmente a mãe, mãe, mãe, mãe... e que palavra tão doce!
Que paz!
Que porto seguro!
Que bom!
Que bom poder ter,
poder contar
com a nossa Mãe!
Apareceu uma borbulha na testa!
Preciso de umas calças novas! Mãe!!!
O meu corpo está diferente!
Amanhã vou ter um teste!
Vi uns brincos lindos... e o swatch da nova colecção?!!
E a mãe faz que não percebe e corre à loja comprá-lo.

Do outro lado do Atlântico chega um "- Liga!", e eu corro pego no telefone para ligar ao Nuno.

Mãe!
Mãe!
... Há um nome que é meu para sempre, independemente de todos os outros...
Mãe!
... Há uma vontade de colo e de mimo mesmo quando já não nos cabem no colo, nos braços!!!
Mãe!

E sê-lo-emos para toda a vida!
Conceição Coelho

14 comentários:

Anabela Magalhães disse...

Lindo texto. Gostei de passar por aqui muito embora ande apressada, nos dias que correm...

Anónimo disse...

Ao ler o seu poema, Conceicao, passou diante dos meus olhos a minha vida. A minha vida de mae.
Curioso: nunca quis ser mae. A minha ambicao era ser uma escritora famosa, com Nobel e tudo.
Afinal, sou apenas mae de quatro filhos. Mas acredite estou feliz com esse facto.
"... E como tudo passa tao depressa!!!" È o meu pensamento todos todos os dias.
Escreva mais coisas lindas como esta.
Saudacoes de Düsseldorf!

gaivota disse...

mãeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
é o grito mais lindo de se dar e de se ouvir!
muito lindo, emocionante e cá fico com as lágrimas penduradas...
beijinhos

BC disse...

Lindo texto este!
Nós, que somos mães, como compreen-
-demos essa palavra mãaaaeee....
Quando chegavam a casa, os meus filhos,a primeira palavra que "GRITAVAM" era precisamente mãaaee....,e se eu não respondia logo por algum motivo, percorriam a casa de lez a lez à minha procura.Que bom que era!.Quantas vezes lhes disse que me gastavam o nome.
Agora também já não sou mãaaeee,sou
simplesmente mãe,mas que importa, não deixamos de o ser.
"Ser mãe é viver várias vidas".
Mas a minha filha mais nova (17 anos) ainda se aninha na minha cama
depois do pai sair, e como partilhamos ainda aqueles beijinhos
doces o "coça-me as costas...etc.
Já em casa dos meus pais a fita era a mesma, uma cama de dois ao fim de semana passava a ser uma cama de seis e a barafunda gerava-
-se :o pai é meu, a mãe é minha, por aí.
Que cumplicidades boas, que saudades!!!
Um beijo e um sorriso de uma mãe para outra mãe.

Anónimo disse...

Não posso escrever, porque os olhos não ajudam, Raul do Sorriso Imenso, meu Professor-Poeta. Estão muito grandes e embaciam os óculos de ver ao perto. Como é bom ter uma Mãe assim! Como é bom ser uma Mãe assim! Hoje, dia em que comemoramos a visita da Nossa Mãe, um beijo para todos, com todas as promessas que Ela nos deixou. Carmo

Existente Instante disse...

Bonito, lindo sussurro este texto!
Mãe, Mater, Força telúrica e primordial!

Anónimo disse...

queu já fui a Fátema de promeça ca nha maria. agora foi de escursão ca tô velho... agente ca rezou munte por tôdos e os da guérra e os do terramoto e todos os nencecitádos. oje queu vi da telvisão a cerimóna tôda ca nha maria e a Nossa Senhora da Conceição é do nosso coração.tô munte imuciunado.
um abrace munte amigo

renard disse...

Portanto julgo que serei a única mulher aqui presente a comentar este post que não é, por agora, mãe. O desejo do ser é algo de inato em mim e espero conseguir realizar este meu desejo. Mas nunca antes de considerar as condições perfeitas para isso.
Ao ler o texto sorri lembrando-me dos meus berros e urros em criança... Não eram bem MÃAAAAAEEEEE!!! Mas algo como MAAAAAA!!!
A minha mãe conta-me que eu andava sempre atrás dela. Quando me punha naqueles andarilhos tipo aranha sabia sempre que a seguia pelo chiar de uma das rodas...
Não deixa de ser caricato que 27 anos depois, ela não precisa de ouvir a roda porque sabe que estou e sempre estarei atrás e ao lado dela para o que der e vier.
E se conseguir ser metade da mãe que ela foi, já me darei por muito, mas mesmo muito, satisfeita.

Beijos a todas as mães que nos amparavam quando caíamos. Nos tratavam das feridas. Nos aturavam as birras. Nos contavam histórias e que fizeram todas as outras coisas que fazem de nós hoje jovens com valores e morais.

Obrigada Maaaaaaaaa!!!!!

Sorrisos à malta

EMD disse...

Liiiiiiiiindo!

Anónimo disse...

o amor incondicional que encontro neste lindo texto emocinou-me...embora a minha mãe não o escreva sinto que sente falta de quando eu acordava na cama dela... a forma como me abraça, a forma como me beija... sinto que tem saudades do Filipe pequenino. Um grande beijo para a mãe Adelaide.

Anónimo disse...

ó nha renard na tás cérta ca lá disso das cundisões... na é dsculpa nha filha. a nha maria dis qués munte linda do corassão camodos ca váis ser das milhores mães do mundo ! im frente.
um abrace munte manternál ...

Raul Martins disse...

Para que fique registado: Conceição, foi uma honra ter aqui este teu texto no meu blogue. Fico à espera de mais criações tuas.
Carpe diem!

Anónimo disse...

Todas as mães têm um coração imenso e incondicional pelos seus filhos, mas só algumas o conseguem expressar de forma sublime e emocionada no dia a dia, e menos ainda o sabem descrever com palavras e emoções tão coloridas e floridas como a zma. Somos assim ajudados a lembrar-nos do cheiro doce e tão familiar das nossas mães.
PMJCMF

Anónimo disse...

esto foi a minha setora de portugues é lindo