segunda-feira, 4 de agosto de 2008

NA ROTA DA HISTÓRIA!

Hoje o "post" vai para a minha Émy que devora tudo o que seja história. Como o livro de cabeceira dela, nestes dias, tem sido o livro D. Sebastião, Rei de Portugal de António Villacorta, fica aqui este resumo do enquadramento e da Batalha de Alcácer-Quibir, que ocorreu há 530 anos e fez surgir o mito do sebastianismo e muita tinta fez correr, e ainda faz, desde então.


4 de Agosto de 1578
Batalha de Alcácer-Quibir


Via Wikipédia:

A Batalha de Alcácer-Quibir travou-se no Verão de 1578, em Alcácer-Quibir, entre os Portugueses liderados por D. Sebastião, e os mouros de Marrocos. Dela resultou a derrota dos portugueses e o desaparecimento do próprio D. Sebastião, precipitando a crise dinástica de 1580, e o nascimento do mito do Sebastianismo.
Perto de al-Kasr al-Kebir há uma aldeia denominada Suaken. Foi aqui que se deu a Batalha por nós conhecida por Batalha de Alcácer Quibir e, provavelmente, onde foram, naquela altura, enterrados os três Reis. Ainda hoje aí se encontra um obelisco em memória de D. Sebastião e mais dois em memória dos outros dois Reis. Esta batalha ainda hoje é conhecida em Marrocos como a "batalha dos três Reis".
D. Sebastião, desde novo influenciado pelas lutas que então se desenrolavam no Norte de África como a defesa de Mazagão, em 1562 ao cerco dos mouros, tem intenção de aí intervir, dado entender ser necessário reviver glórias passadas. Assim, desde que toma conta do reino, em 1568, começou a preparar a sua intervenção no Norte de África, que era como que um imperativo nacional, pois se pretendia beneficiar do comércio com esta zona, rico em ouro, gado, trigo, açúcar. Por outro lado, além de oferecer oportunidades à burguesia mercantil, era também um campo de actividade para a nobreza.
Em Marrocos eram constantes as lutas entre as várias facções. O pretexto para a intervenção de D. Sebastião surge com a deposição, em 1576, do sultão Mulay Mohammed pelo sultão Mulei Moluco, este auxiliado pelos Otomanos. Ora, o auxílio dos Otomanos era uma ameaça para a segurança das costas portuguesas e para o comércio com a Guiné, Brasil e as Ilhas atlânticas. Por isso, D. Sebastião decidiu apoiar Mulay Mohammed, que como compensação ofereceu Arzila, e procurou apoio de outros Reis. Filipe II retirou-se. Da Alemanha, Flandres e Itália vieram soldados mercenários e auxílio em armas e munições. Fez-se o recrutamento do exército português, mas verificou-se muita corrupção, o que fez com que o exército expedicionário, de cerca de 15 000 homens, fosse pouco disciplinado, mal preparado, inexperiente e com pouca coesão.
Sebastião partiu de Lisboa a 25 de Junho de 1578, passou por Tânger, onde estava o Mulei Maamede, seguiu para Arzila e daqui para Larache, por terra, havendo quem preferisse que se fosse por mar, para permitir maior descanso às tropas e o necessário reabastecimento em víveres e água. Seguiram depois a caminho de Alcácer Quibir, onde encontraram o exército de Mulei Moluco, muito superior em número. A 4 de Agosto de 1578, com o exército esgotado pela fome, pelo cansaço e pelo calor, deu-se a batalha. Nestas condições, o exército português, pesem alguns actos de grande bravura, foi completamente dizimado, sendo muitos mortos. Apesar de se duvidar da morte do rei português, é provável que ele nesta batalha tenha perecido. Os sobreviventes foram feitos prisioneiros.
O resultado e as consequências desta batalha foram catastróficos para Portugal. D. Sebastião desaparecera, deixando como sucessor o seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique, que veio a falecer dois anos depois. Assim levanta-se uma crise dinástica ameaçando a independência de Portugal face a Espanha, pois um dos candidatos à sucessão era Filipe II de Espanha.
A disputa do trono português teve vários pretendentes: D. Catarina de Médicis, rainha da França, que se dizia descendente de D. Afonso III; D. Catarina, duquesa de Bragança e sobrinha do Cardeal D. Henrique; Manuel Felisberto, duque de Savóia e D. António, Prior do Crato, ambos, sobrinhos do rei; Alberto de Parma e Filipe II.
Filipe efectivamente ascendeu ao trono em 1580. A maioria da nobreza portuguesa que participara na batalha ou morreu ou foi feita prisioneira. Para pagar os elevados resgates exigidos pelos marroquinos, o país ficou enormemente endividado e depauperado nas suas finanças.
Luís Vaz de Camões numa carta a D. Francisco de Almeida, referindo-se ao desastre de Alcácer-Quibir, à ruína financeira da Coroa portuguesa, à independência nacional ameaçada: "Enfim acabarei a vida e verão todos que fui tão afeiçoado à minha Pátria que não só me contentei de morrer nela, mas com ela".

D. SEBASTIÃO, REI DE PORTUGAL

Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
Fernando Pessoa, in Mensagem



5 comentários:

Anónimo disse...

Olá Raul!

Sabes que a História também é um dos meus temas favoritos.

O Rei D.Sebastião preenche o imaginário de todo o português, talvez misticismo que envoloveu o seu desaparecimento...

Morrer, por si só, já é algo que ninguém quer, mas morrer na flor da idade e, sobretudo, sendo o Rei que todo o povo português desejava...foi, sem dúvida, uma tragédia nacional.

Parabéns pelo tema abordado hoje.

Beijinhos para todos a´em casa e continuação de boas férias.

Anónimo disse...

Olá novamente...

Não percebo bem o que aconteceu, mas saltaram letras no meu comentário anterior...SORRY!

Aqui fica a emenda:

«...talvez pelo misticismo que envolveu...»

«...para todos aí em...

Obrigada

Anónimo disse...

Nao é que história seja o meu tema favorito, no entanto, D. Sebastião sempre me fascinou.
O ano passado, nas férias em Portugal, li também esse livro em poucos dias, porque o achei muito interessante.
Saudacoes para toda a fam'ilia Martins, de uma Teresa muito de perto.

Anabela Magalhães disse...

Tema interessantíssimo, este, com repercussões trágicas em Portugal. Vamos acabar por perder a independência à custa desta aventura mal preparada.
Testemunho que esta batalha é conhecida pelos marroquinos como a Batalha dos Três Reis. Nós perdemos um. Eles dois. Tudo em Ksar el Kebir.

Raul Martins disse...

Olá Conceição, eu sei que é o teu forte. Assim como o da Anabela. Ao fazer este "post" também me lembrei de vocês e do quanto a história vos encanta. E Anabela, tu é que bem podes falar desta parte da nossa história quase em directo pois sei que muitas vezes andas por aquelas paragens.
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Teresa, retribuo as saudações. Continuação de boas férias.
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Carpe diem!