sábado, 26 de abril de 2008

PRIMEIRO QUE TUDO SOMOS PESSOAS!


Este texto que aqui coloco já o escrevi há cerca de três anos. Estava no meu baú de "notas". Trago-o aqui porque Émy, num comentário em TEARES, uns degraus mais abaixo, elogiou-me dizendo que "em tudo o que fazes colocas o que de melhor há em ti: a tua atenção, o teu carinho, a tua bondade..." e fiquei lisonjeado. Mas, muitas vezes, nessa procura de fazermos o melhor, erramos ou, se quisermos, temos algumas falhas. Entre as muitas coisas que fazemos bem, por vezes há coisas menos acertadas que fazemos. É o que eu partilho convosco:


Eu, como educador, antes de mais sou uma pessoa; também o aluno é uma pessoa.

C. é uma aluna do 9º Ano. Reparei, ultimamente, que tem sido uma “saltimbanco” de namoros. Chegou, na mesma semana, a estar com dois namorados diferentes e eu cheguei a ouvir comentários dos rapazes no sentido de saber quem é que naquela semana iria conseguir conquistar a C. Ao passar pelo recreio, ao vê-la em poses pouco próprias, a beijar um dos novos namorados, eu chamei-a à parte e disse-lhe:

- Pareces um “supermercado”.

Não lhe disse mais nada. Disse aquelas palavras para a chocar mas reconheci que tinha exagerado. “Mexer” com sentimentos de pessoas é complicado e muito mais com sentimentos femininos, muito mais sensíveis e que guardam bem fundo o que lhes dizemos e as feridas custam mais a sarar.

Penso que ela deve ter comentado com o "namorado" e mais algumas colegas porque senti alguma distância e frieza quando passava por eles embora nada dissessem.

Dois ou três dias depois, encontrei-a no refeitório, sentada com o namorado. Como estavam apenas os dois a comer na mesa, sentei-me com eles. Perguntei-lhe o que pensavam do que eu tinha dito. A C. disse que foi algo que a magoou muito e que não esperava, da minha parte, aquelas palavras: “alguém que nos ajudou em pequenos, critica-nos agora?”.

Expliquei-lhe o que quis dizer com aquelas palavras. Foi mais ou menos isso: C., é a tua imagem de mulher que está em jogo. Os rapazes gostam destes "joguinhos". Se calhar serão tidos como “experientes” na matéria. Isso em nada lhes vai afectar a imagem pessoal. Penso que o mesmo não se passa com as raparigas. Quando chegar a altura de começares a levar o namoro a sério – porque quem troca de namoro todas as semanas ou mais que uma vez por semana, não leva as coisas a sério – os rapazes não vão querer nada contigo e certamente dirão: “com esta, que andou com todos e mais algum!” Penso que ela foi percebendo o que eu lhe quis transmitir. Não deixou de me dizer que, apesar de ter alguma razão e perceber o meu ponto de vista, eu não tinha o direito de ter falado daquela maneira porque ela era uma pessoa e tinha sentimentos. E eu estou de acordo com ela.

5 comentários:

Anónimo disse...

atão quisto tá munte melhor e já tô recuperade e agardeço munte a sua priocupação
á ganda homem cassim éca se vê os amigos. atão lhe digo ca nha casita ficáqui pós lades da serra de montejunte qué um sito munte bonito.
tamém gosto munte do norte e só poço ir da escursão ca reforma na xega pa ir com férias. mas vejo da telvisão.
Um abrace cá do Besberto

Anónimo disse...

Bom dia meu grande amigo... é verdade...já me estou a preparar para as borgas, não fossem essas uma parte da vida académica.
Espero que esteja tudo bem. Por aqui vai-se andando da melhor forma possível.

Abraço

Anónimo disse...

Raul, graças a Deus que as Pessoas com essa dádiva maravilhosa que é o humor o sabem partilhar. Este sê cumpadre, qu'eu num mimportaria de ten na mesma calidade, faz uns comentários com uma frescura que até me causa aquela tal coisa de "inveja santa"... Pois é, nós somos, antes de mais, pessoas. Também eu já fiz pecados desses de que depois me procurei penitenciar. Mas os jovens são muito sensíveis, de facto, e todo o cuidado é pouco. Lembro-me de um Aluno que um dia me fez desesperar e a quem, puxei uma orelha, "logo que te estás a portar como uma criança". A forma como ele sentiu o puxão de orelhas e as palavras que lhe dissera, contou-me ele no fim da aula, tinham-no magoado profundamente. Reconheceu que tinha estado a incomodar, a perturbar, mas disse-me:#Sabe, Professora, por que é que eu sou assim? Porque os meus pais estão sempre a puxar-me as orelhas e a chamar-me criança. Porque agora tenho um irmão com um ano e eles esquecem-se de que tenho 15".
Pois é, um Professor precisa de ter sempre três coisas disponíveis: um ombro, para quem quer ser ouvido; um lenço, para quando aparecem umas lágrimas com que ninguém contava; e uma esferográfica a mais para "quem se esqueceu". Sempre me dei bem por ir sempre equipada para estas eventualidades.Raul, um resto de semana cheio de sol na alma e no corpo e um abraço da Carmo

Anónimo disse...

Acredito no que disse a Émy a seu respeito. O senhor irradia bondade e confianca.
No caso da Catarina, acho que foi muito "bota de elástico"-
Estamos no século XXI.
A imagem de uma mulher está tanto em jogo como a de um homem.
Mulheres e homens tem, neste século os mesmos direitos e deveres.
Nós, mulheres, também nao queremos um homem que tenha andado nas maos de todas ou todos.
Compartilho esta posicao com mulheres como a falecida Simone de Beauvoir e Alice Schwarzer.
Saudacoes de Düsseldorf!

Raul Martins disse...

Carmo, obrigado pela partilha. As três coisas que devemos ter sempre disponiveis são de uma doçura as duas primeiras! Vou trazer para "poste" o seu comentário.

É verdade emajetoca o que diz: a imagem da mulher está tanto em jogo como a da homem. Mas infelizmente, na hora da verdade, sabe como é. Mas sem dúvida que está correcta a sua linha de pebsamento. No entanto, o que aqui pretendi transmitir é que muitas vezes falhamos...