quinta-feira, 10 de julho de 2008

O CANTINHO DO PADRE MÁRIO

Deus é o Artista
A Sua obra é de amor…



S. Teresa, desde muito cedo, compreendeu que o nosso bom Deus não tem necessidade de ninguém, e agrada-lhe repetir isso inúmeras vezes.

Não tem necessidade dos nossos belos pensamentos, das nossas boas obras, não precisa de bons livros nem de sábios doutores. Muitas vezes basta-lhe a nossa boa vontade.
Ele olha mais à intenção do que à grandeza da acção. Para Deus, o desejo pode superar a obra, podendo, ainda, superá-la em valor.

S. Teresa encontra em S. Paulo um apoio sólido: «“Usarei de misericórdia com quem entendo usar de misericórdia e sentirei compaixão de quem entendo sentir compaixão”.
Portanto,
não depende de quem quer,
nem daquele que corre,
mas somente de Deus que usa de misericórdia».

«Celina, parece-me que Deus não precisa de anos para completar a sua obra de amor numa alma: um raio do seu coração, num instante, pode fazer desabrochar as suas flores para a eternidade!...».

«Parece-me que o amor pode suprir uma longa vida...
Jesus não olha ao tempo, de facto, no Céu ele já não existe.
Ele só olha ao Amor».

É por isto que ela quer, no final da sua vida, aparecer diante de Deus com as mãos vazias. E ela não condena nem o trabalho nem as obras, apenas não suporta uma coisa, que os homens se gloriem das suas obras diante de Deus. Para ela seria como que uma ofensa feita à graça, porque:
«Jesus quer realizar essas graças, quer dar-nos gratuitamente o seu Céu».
«Ele mesmo é o Músico Divino que se encarrega do concerto!...».
É o caminho da confiança total.


Nestes pensamentos de S. Teresa joga-se a valorização do tempo e das virtudes, não em termos de quantidades, mas de qualidade e tocando a essência daquilo que são.

O tempo, e a nossa sujeição a ele, torna-nos humanos, impondo-nos uma subserviência e um desgaste, por ser quantificado; podendo no entanto, ser também qualificado.

O mais importante, é que o amor está chamado a ser de qualidade e tem o dom de tudo transformar instantaneamente, ou seja, sem precisar da fluidez do tempo, que nos humanos, parece ter mais o mau agouro de empobrecer do que o condão de nobilitar…

6 comentários:

Anónimo disse...

E no fim, o que perdurará será o amor. Seremos julgados pelo que fizermos ou deixarmos de fazer pelos outros.

gaivota disse...

o tempo já não existe, apagou-se...
o amor fica a contemplar as acções e a vida que vivemos no curso que nos é permitido, considerando que o amor é ponto de partida para todos os sentimentos
beijinhos

Avó Pirueta disse...

Querido Padre Mário, começo com o meu obrigada inicial. Depois, só recordar o verso final da versão da carta de S. Paulo aos Coríntios geralmente lida: Mas a maior de todas é a Caridade", isto é, o Amor.
Santa Teresa fez-me recordar com pesar algo que eu fiz no dia 26 de Maio de 2003. Saí de causa para ir ao cabeleireiro e entretanto chamaram-me para vir rapidamente para casa: o meu Marido, o Homem Bom que fizera de mim o que sou, tinha morrido, serenamente, de um aneurisma fulminante. Já não o encontrei com vida.
Acontece que, não fazendo mais do que a minha obrigação, que é a de pôr a render os talentos que Deus me deu, eu tinha feitos umas coisitas. Umas coisitas para o Senhor, que tanto nos dá. E agarrada à mão ainda morna do Pai dos meus filhos, que só não arrefecia com o calor da minha, eu gritei a Deus, eu perrguntei-Lhe se era assim que Ele me agradecia isto, e isto, e aquilo. Puxei de galões que tinha e não tinha. Felizmente, depois caí em mim, e creio que Deus há-de ter sorriso da minha raiva infantil. Porque os Seus caminhos e desígnios são insondáveis e sabia que me havia de me dar uma outra tarefa para me encher o coração.
Gosto de pensar que nem sequer pequei, que fui apenas humana e que Deus sorriu precisamente à minha humanidade. Obrigada pelas suas Quintas-Feiras Carmo, para si... Ora se tinha graça de lhe dizer Avó Pirueta"...

Anónimo disse...

Dona Carmo, você é uma mulher admirável. Aqui neste cantinho do Raul tenho seguido com carinho as suas aportações e sempre vi em si palavras com alma e coração. Hoje este seu testemunho de "briga" com Deus encheu-me de paz o coração. É que eu também tenho alguma revolta com Deus porque me levou também o meu marido há pouco tempo. Esta sua partilha fez-me sentir bem porque afinal somos humanos e como diz a Dona Carmo não estamos a pecar se nos revoltamos com Deus.
E obrigado ao Padre Mário que me tem feito um bem imenso e não imagina como.Eu não comento os textos de Santa Teresa porque a minha cultura é pouca para tal. Apenas venho aqui ler ( e com a ajuda do meu filho que anda no 7º ano e me ajuda porque eu não percebo nada de computadores)e gosto de ler os textos que vão aparecendo por aqui.
Um beijinho para vocês todos.
Clara Seabra

Avó Pirueta disse...

Querida Clara,
Como se atreve, com um tão lindo nome, a tratar por Dona Carmo, uma pessoa como eu, um ser pequenino, que poderia ser grande e tanto cai, tanto cai! Clara, um nome lindo, lindo. Obrigada por gostar de me ler, mas olhe que eu sou uma pobre pecadora, a quem Deus muito tem dado e que espera que eu reparta pelos outros também. Se tem um menino no 7º ano ainda é jovem, e imagino, apesar de saber que não metros para medir dores, nem relógios para medir ausências, sei que certamente ainda sofrerá mais do que eu. Porque eu tive 40 anos, 2 meses e 19 dias de um Casamento que ainda hoje lamento não ter feito que fosse ainda melhor. Deus os abençoe, a si e ao seu Menino, e quando quiser falar comigo, pode falar no meu blogue, Piruetas de Avó". Mas fica proibida de me chamar Dona Carmo! Eu não sou dona de nada, porque o que se compra com dinheiro nada vale e o resto é dom de Deus. Tenha Fé, Tenha Esperança e lembre-se que ainda mais importante é a Caridade, isto é, o Amor. Um Beijo carinhoso e cordial da Avó Pirueta

Anónimo disse...

Olá Carmo, não leve a mal, mas aqui na minha terra tratamos assim as pessoas que não conhecemos bem e que ao mesmo tempo nos merecem respeito. O meu Carlitos já me tinha dito que nos blogues as pessoas tratam-se muito informalmente. Mas tenho que me habituar. Obrigada pela atenção que me dispensou.
Com carinho. Clara Seabra.