E barquinhos
E papagaios de papel.
E deixem-nos saltar à corda,
Jogar à bola de trapos
E ao Peão
E deixem-nos cantar
Andar às cavalitas
E rebolar pelo chão.
"Era uma vez um rei e uma rainha cuja felicidade aumentou com o nascimento do príncipe herdeiro. Todavia aquela ventura enevoou-se depressa. Passavam dias, meses, um ano, e o bebé real não sorria. Quanto mais o cercavam de mimos e luxos, tanto mais o botãozinho fechava.
Os reis, desesperados, ofereciam fortunas a quem o fizesse sorrir. Vieram palhaços, mágicos, bobos das cortes vizinhas, fabricantes de brinquedos fabulosos, mas nada conseguia abrir os lábios do menino tristonho. E a sua melancolia contagiava.
Um dia, para cúmulo, desapareceu. Como o seu gibão de veludo rolasse no chão rente aos portões do jardim, pensou-se num rapto. Soldados apressaram as buscas e os arautos já percorriam o reino.
Felizmente, o príncipe não andava longe. Num prado vizinho deram com ele, andrajoso e enlameado, brincando com miúdos da mesma idade. Soltavam barquinhos de papel num poceirão de água choca e o príncipe ria a bandeiras despregadas."
Abílio Pina Ribeiro
Os reis, desesperados, ofereciam fortunas a quem o fizesse sorrir. Vieram palhaços, mágicos, bobos das cortes vizinhas, fabricantes de brinquedos fabulosos, mas nada conseguia abrir os lábios do menino tristonho. E a sua melancolia contagiava.
Um dia, para cúmulo, desapareceu. Como o seu gibão de veludo rolasse no chão rente aos portões do jardim, pensou-se num rapto. Soldados apressaram as buscas e os arautos já percorriam o reino.
Felizmente, o príncipe não andava longe. Num prado vizinho deram com ele, andrajoso e enlameado, brincando com miúdos da mesma idade. Soltavam barquinhos de papel num poceirão de água choca e o príncipe ria a bandeiras despregadas."
Abílio Pina Ribeiro
Reis e rainhas deste país, não nos tirem a alegria de ensinar. Nas nos fechem em gabinetes com coisas inúteis. Deixem-nos andar fora de gabinetes; deixem-nos estar nas salas que realmente valem a pena; nas salas onde estão aqueles que são a nossa missão e que são o “lado mais bonito da educação e das escolas... O centro de tudo!”(3za) Deixem-nos estar nas salas de aula fora das escolas, no palco da vida. Precisam de nós lá. Sim, de todos nós. Poucos muitos ou muitos poucos. Mas o importante é que estejamos lá... É aí que somos felizes e fazemos os outros felizes. Deixem-nos sujar, enlamear, suar com os miúdos da mesma idade – sim, somos da mesma idade, daquela idade que todos sabemos: do sonho, da ilusão, da alegria, da ingenuidade, do risco, da confiança, do acreditar… E deixem-nos soltar flores e barquinhos e papagaios de papel.
P.S. Não pensemos que temos de viver apenas para promover o desenvolvimento e a felicidade dos nossos alunos. A nossa felicidade de professores ajuda, não dificulta, a felicidade dos alunos.
3 comentários:
Parabéns pela reflexão... não seria antes elogio da felicidade em vez da alegria!
Donde retirou o texto de Abílio Pina Ribeiro?
O texto está no livro do autor referido PARÁBOLAS DA VIDA CONSAGRADA, 1988, Lisboa: Edições Paulistas.
Podria ser felecidade em vez de alegria... a alegria é o ingrediente que vamos colocando em cada mimento, em cada gesto, em cada palavra... a felicidade é "bolo"... é o que pretendemos atingir no fim...
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