terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

CUMPLICIDADES

Um pouco de poesia pedida a Carlos Cruz de Guizande, que me confidenciou: "Já que me desafias... Mas não lhes chames poesias, porque não sou poeta. Terei talvez alma de poeta, mas daí até ser um poeta, vai uma grande distância....

De quando em vez colocarei aqui no meu blog algumas reflexões poéticas do meu amigo Carlos. Depois, cada um que diga de sua justiça.


Cumplicidades

(Mãe: amores-perfeitos na primavera dos afectos)

Diz-me,
Conta-me devagar,
De que matéria é a poeira
Que cobre o teu olhar.

Das tuas memórias escondidas,
Eternas como o tempo...
Quando o antes e depois se fundem,
Conta-me tudo,
Devagar.

Diz-me,
Quantas vezes pensastes
Em voar e te perdestes,
Por não saber para que lugar.
Então permanecestes!..

À espera que tudo,
Que tudo à tua volta
Se esgotasse de esperar,
O não haver sido,
O não saber sequer enunciar.

Como uma cantiga de embalar,
Conta-me tudo,
Devagar.

Guizande, 2007

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu leio devagar para que possa desfrutar de uma poesia tao ...

Anónimo disse...

Poeta ou não, gostesse ou não... o importante é partilharmos sentimentosos... e quem não gosta de partilhar sentimentos sobre a sua mãe (penso que é sobre a mãe que o autor fala)... a que tinha paciência e, devagar, nos aconchegava para podermos adormecer... e devagar nos escutava e passava as mãos pelo cabelo e nos acariciava e ficavamos mais tranquilos.

Não sei se é grande poesia... nem sei bem o que é isso... o que eu sei é que há palavras que nos dizem alguma coisa e mexem com os nossos sentimentos... comigo mexeu... para mim é poesia.

S.M.