Como na vida, o “ser” projecto (e muito mais o educativo) deve ir muito mais além que o “ter” projecto: o “ter” “compra-se”, "plagia-se”, “vende-se”, “troca-se”; o “ser” constrói-se a partir das nossas entranhas; e falar em construir é falar dos actores que são a alma e o garante da construção, a vitalidade que a sustenta. Se o projecto é algo que está apenas na “moda”, corre-se o risco de banalizar e, com isso, perder todo o seu verdadeiro significado e toda a sua virtude; quando surge apenas por decreto pode ser estéril, pobre, inútil, letra morta; se é algo construído por todos, é oportunidade de se aprofundar e, com isso, inovar, melhorar, aprender a aprender, aprender a viver juntos e a partilhar, agir, avaliar e recomeçar o processo, evitando-se muitos “riscos”: Acredito no projecto educativo como um processo e um desafio constante de fazer acontecer sempre coisas novas, ainda que balizadas por uma boa dose de realismo. Acredito no projecto educativo como uma busca da qualidade e do sucesso de todos.
Hoje já não se pode conceber organização alguma que não acredite nos projectos como uma forma de mostrar a sua identidade (o que são, o querem e para onde caminham, numa lógica de preparação para intervir no futuro), alicerçadas no seu capital humano de criatividade e inovação. E as escolas, como organização que são, não fogem a este desígnio, e ai estão os projectos pedagógicos (de âmbito mais sectorial) e os projectos educativos (que olham a escola na sua totalidade), procurando neles coerência organizacional e sentido estratégico em busca da eficácia educacional, de forma autónoma, democrática e promovendo a participação de todos os seus actores e escolas localmente integradas. Se assim não for serão apenas uma questão de moda, como uma “passerelle” para que se veja que se traja modernidade ou uma questão de obrigação por imposição legal.
E para que se evite esses “riscos”, alerta-nos Jorge Adelino Costa, num texto que recomendo (Projectos Educativos das escolas - um contributo para a sua desconstrução), há requisitos essenciais que é preciso ter em conta para que não surjam consequências “indesejáveis” na construção e implementação dos projectos educativos, e que o autor baliza em três dimensões de análise: Participação, Estratégia e Liderança, traçando para cada uma delas um conjunto de cenários de risco aquando se verificarem a ausência daquelas dimensões.
Adenda às 17:54: Amigo em comentário refere outro livro onde se encontra refurmulado o texto do autor mas editado em Portugal. Também conheço a referência bibliográfica mas optei pela que usei por se encontrar em pdf e ser de mais fácil acesso. Acrescente-se a referência: capítulo cinco do livro que apresento aqui via "terrear."
Adenda às 18:06: Mais uma pequena referência à obra citada, novamente via "terrear". Que me perdoe por este abuso o JMA.
3 comentários:
Este questão em concreto da participação, estratégia e liderança, está, com reformulações do texto que citas, no capítulo 5 do livro projectos em educação - contributos de análise organizacional, editado pela Universidade de Aveiro.
Carlos Pinta
Correcto. Eu citei o editado na revista brasileira porque está em PDF na net, por enquanto, e assim de mais fácil acesso. No entanto, obrigado na mesma pela chamada de atenção.
É verdade, o "ser" acima do !ter"..
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