sábado, 24 de julho de 2010

A AUTORIDADE SEGUNDO SAVATER: PROPÕE-SE E IMPÕE-SE!


A AUTORIDADE PROPÕE-SE E IMPÕE-SE.


A palavra «autoridade» remete etimologicamente para o verbo latino augeo, que significa, entre outras coisas, fazer crescer. O paradoxo de toda a formação é o facto de o eu responsável se forjar a partir de escolhas induzidas, pelas quais o sujeito ainda não se responsabiliza. A aprendizagem do auto-controlo inicia-se com as ordens e indicações da mãe, que a criança mais tarde interioriza numa estrutura psíquica dual que a torna ao mesmo tempo um emissor e um receptor de ordens: quer dizer, a criança aprende a comandar-se a si própria, obedecendo aos outros.


Em todas as latitudes, as crianças crescem como a hera trepa pela parede, com o auxílio dos adultos que lhes oferecem ao mesmo tempo apoio e resistência. À falta desta tutela, nem sempre complacente, é possível que acabem por tornar-se disformes até à monstruosidade.

E a autoridade sobre elas exercida deverá caracterizar-se pela continuidade – primeiro, na família, depois, na escola: se a um período de abandono caprichoso se seguir uma brusca interrupção autoritária, será fácil que o resultado venha a revelar-se um desastre. Decerto, a autoridade dos maiores propõe-se aos menores como uma colaboração que lhes é necessária; mas, em certas ocasiões, terá também de se lhes impor. E é disparatado aplicar estritamente desde o infantário o princípio democrático segundo o qual tudo deve ser decidido entre iguais, porque as crianças não são iguais aos seus professores no que se refere aos conteúdos educativos.



(Fernando Savater)

9 comentários:

luisvalente disse...

Pois vale professor, só assim conseguirei ser feliz.
Obrigado pelo apoio, o senhor é como um pai para mim, sabe disso!

Raul Martins disse...

Eu sei, Luís, eu sei! Um abraço de saudades.
.
Carpe diem!

Margarida Fernandes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Margarida Fernandes disse...

Gostei muito deste texto. Bastante interessante.

Confesso, no entanto, que gostei muito mais (adorei) o comentário deixado pelo teu aluno, Raul.

Momentos como este fazem esquecer as "dores de cabeça" profissionais, certo?

Carpe Diem

Raul Martins disse...

Marga, é verdade, este miminhos que recebemos dos nossos alunos fazem esquecer algumas "dores" profissionais. Se lhes ensinamos algumas coisas, eles ensinam-nos muitas mais. Crescemos juntos.

Fátima André disse...

Uma belíssima reflexão de Savater... com a qual concordo inteiramente.
Um dia destes vou "roubá-la" para a colocar na minha salinha. Pode ser?
Aproveito para te desejar umas óptimas férias.
Abraço :)

Fátima André disse...

Só para perguntar se sabes a referência bibliográfica deste excerto de Savater.
Obrigada.

Raul Martins disse...

Também te desejo boas férias, Fátima.
Quanto ao texto, eu retirei-o de um blog, já não sei ao certo, penso que do Miguel Pinto do "outrolhar"... mas ele já não fazia nenhuma referência bibliográfica. Eu retirei o texto para uma reflexão com pais. Se descobrir a referência bibliográfica envio-te.

Unknown disse...

Olá professor Raul. As férias estão a correr bem?
o ano passado na apresentação dos 5ºanos, alguns alunos vieram ajudar,como por exemplo a irmã da Marta,a Bruna.
eu queria saber como poderia participar nisso?
Obrigada




Sofia Silva 5ºA