Fica de cabelos em pé, a minha Émy, quando aos seus ouvidos chegam palavras que soam a racismo. Não se contém. Salta-lhe a "tampa", salvo seja. Tudo isto porque ontem (contaram-me no fim do jogo, pois não me apercebi de nada porque estava no “banco” com a equipa onde o meu filho joga), nas bancadas, alguém gritou “ó seu preto” a um dos nossos jogadores que é de raça negra, o Régi, como carinhosamente lhe chamamos. E lá teve, a autora de tais comentários, que suportar as garras afiadas dela. Já tinha acontecido o mesmo na semana anterior, quando no Jogo F.C. Porto – Marítimo, em seniores, uma senhora também se dirigiu de forma “racista” ao Wilson Davyes, que além do mais é nosso amigo. É preciso respeito. E sobretudo no desporto, que acreditamos ser um meio interessante de trabalhar valores e incuti-los nos miúdos: o respeito, a solidariedade, a amizade, o trabalho em equipa, a unidade…
Ressalve-se aqui, que são as únicas circunstâncias que mexem com as entranhas da minha Émy. Pode o árbitro fazer asneiras, a equipa jogar mal, o nosso filho levar “tareia” como muitas vezes acontece, pois ser pivô no andebol implica estar mais sujeito a isso, a boca da Émy não se abre. Mas tudo o que roça a racismo (ou comentários menos apropriados aos jovens jogadores)… Caldo entornado. E eu concordo com ela. Pois as pessoas valem por aquilo que são como pessoas e não pela cor da sua pele. Por isso o texto que aqui vos deixo:
Ressalve-se aqui, que são as únicas circunstâncias que mexem com as entranhas da minha Émy. Pode o árbitro fazer asneiras, a equipa jogar mal, o nosso filho levar “tareia” como muitas vezes acontece, pois ser pivô no andebol implica estar mais sujeito a isso, a boca da Émy não se abre. Mas tudo o que roça a racismo (ou comentários menos apropriados aos jovens jogadores)… Caldo entornado. E eu concordo com ela. Pois as pessoas valem por aquilo que são como pessoas e não pela cor da sua pele. Por isso o texto que aqui vos deixo:
Quando nasci eu era preto.
Quando cresci fiquei preto.
Quando estou doente fico preto.
Quando apanho sol fico preto.
Quando estou com frio fico preto.
Quando tenho medo fico preto.
Quando morrer ficarei preto.
Mas tu, “homem BRANCO”,
Quando nasces és cor-de-rosa,
Quando cresces ficas branco,
Quando apanhas sol ficas vermelho,
Quando sentes frio ficas roxo,
Quando sentes medo ficas verde,
Quando estás doente ficas amarelo,
E ainda tens a lata de me chamar:
"Homem de cor!"
Anónimo
11 comentários:
Já somos duas! também não suporto esta imbecilidade!
Bjs
Eu sei que sim, eu sei que sim!
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Mas às vezes a imbecilidade é tanta que não vale a pena procurar abrir as mentes para lhes incutir algo mais... Às vezes é chover no molhado... Mas não podemos ficar calados...
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É como o teu post sobre os minaretes... Há coisas que envergonham...
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Carpe diem!
Não podemos ficar calados... E lembrei-me de uma estrofe de uma canção do meu Padre Zézinho:
"o que eu grito me liberta;
o que eu calo me tortura!"
É imcomprensível que coisas destas aconteçam, a tua mulher tem toda a razão eu também ficaria com os cabelos em pé.
O poema já conhecia, é maravilhoso.
Abraço
E que o mundo dê as mãos para que ...um dia... as nossas crianças possam conviver em paz
Acho bem que se guarde a revolução das entranhas para algo que valha a pena. Desporto árbitros, cotoveladas e golos, não entram no mesmo campeonato que as atitudes de racismo. As suas consequências transvazam as quatro linhas e permanecem. Cartão vermelho para o racismo, já.
Abraço,
PL
É Isabel, infelizmente...
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E a nós, que lutamos pela coerência entre aquilo que dizemos e fazemos, não podemos deixar passar em claro estas situações...
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E o importante é que, ao nosso jeito, de gesto em gesto, de palavra em palavra, sorriso em sorriso vamos procurando tornar este mundo um pouco mais colorido... bem ao teu jeito...
Sem dúvida, PL, a revolução das entranhas para aquilo que realmente interessa gastar um pouco das nossas energias. Tudo o resto é paisagem...
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E as consequências... Feridas que por vezes custam a sarar...
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Abraço
É triste de se constactar que em pleno Séc. XXI o racismo seja uma realidade muitas vezes incutida pelos pais aos filhos.
Será que "esta gente" não entende que em todas as raças há gente boa e gente má?!?!?!?
Como diz num dos seus comentários "não vale a pena procurar abrir mentes para lhes incutir algo mais" mas também concordo que não podemos, nem devemos ficar calados.
Cumprimentos,
Margarida Fernandes
Sim Margarida, calados... Nunca!
E lembrei-me de uma estrofe de uma de um cantor que é padre:
"O que eu grito me liberta
O que eu calo me tortura.
(Pe. Zézinho)
Não exageres!!! Não são só as questões de racismo que me fazem "saltar a tampa"... há mais questões que não interessa agora estar aqui a esmiuçar... quem me conhece sabe concerteza quais são!
Mas realmente esta questão do racismo "enerva-me" muito particularmente... não posso compreender ou sequer aceitar, calando-me nestes momentos... só consigo ver o racismo como ignorância e algo inaceitável.
Esqueci-me de dizer que adorei este poema... não o conhecia ainda.
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