sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

DA ESCOLA E DOS SEUS TESOUROS!

Mais uma vez vou na onda do JMA e partilho connvosco comentário que lhe deixei por causa de mais um belíssimo texto de Santos Guerra, " O Tesouro de Penabranca", que ele colocou no seu/nosso "Terrear". Aqui fica:


Como aquela história Bíblica

do vendedor de pérolas

que vende tudo

porque acredita que descobriu a mais preciosa de todas elas.


E com isto uns belíssimos parágrafos do Alquimista de Paulo Coelho:

"Andaram em silêncio mais dois dias.
(…)
- Porque temos de escutar o nosso coração? – Perguntou o rapaz quando acamparam naquele dia.
- Porque, onde ele estiver, é onde estará o teu tesouro.
- O meu coração está agitado – disse o rapaz.
(…)
«Mesmo que eu reclame um pouco – dizia o seu coração – é porque sou um coração de homem, e os corações dos homens são assim. Têm medo de realizar os maiores sonhos, porque acham que não merecem alcançá-los, ou não poder consegui-los…»
(…)
«Cada momento de busca é um momento de encontro», disse o rapaz ao seu coração. «Enquanto procurei o meu tesouro, todos os dias foram luminosos, porque eu sabia que cada hora fazia parte do sonho de o encontrar. Enquanto procurei este meu tesouro, descobri no caminho coisas que jamais teria sonhado encontrar, se não tivesse tido a coragem de tentar coisas impossíveis aos pastores.»
(…)
Disse que todo o homem feliz era um homem que trazia Deus dentro de si. E que a felicidade podia ser encontrada num simples grão de areia do deserto, como o Alquimista tinha dito. Porque um grão de areia é um momento da Criação, e o Universo demorou milhares de milhões de anos para criá-lo.
«Cada homem na face da Terra tem um tesouro que está esperando por ele». Disse o seu coração. «Nós, os corações, costumamos falar pouco destes tesouros, porque os homens já não querem mais encontrá-los. Só falamos dele às crianças. Depois deixamos que a vida encaminhe cada um em direcção ao seu destino. Mas, infelizmente, poucos seguem o caminho que lhes está traçado, e que é o caminho da Lenda Pessoal e da felicidade».
(…)
«Então nós, os corações, vamos falando cada vez mais baixo, mas não nos calamos nunca».
(…)
O rapaz lembrou-se de um velho provérbio da sua terra. Dizia que a hora mais escura é a que vem precisamente antes do sol nascer."



In, O Alquimista (pp. 190-195), Pergaminho, 1998



Que saibamos escutar o Coração da Escola, para que ela encontre o “caminho da Lenda Pessoal e da felicidade.” Cada Escola tem o seu projecto-lenda-caminho-tesouro-grão.de.areia-sonho e temos que tentar coisas impossíveis com os alunos. E os professores, no momento em que estamos, “não nos calamos nunca” mas no que é essencial: Escutar o coração da escola; o coração da sala de aula; o coração do recreio. É lá que fazemos falta. A hora não é fácil, sem dúvida, mas “a hora mais escura é a que vem precisamente antes do sol nascer.”

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

DA ESTRATÉGIA!

“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”
(de uma canção brasileira)


Tenho estado a ler um livro de um amigo, daqueles amigos com quem temos o prazer de trabalhar (ainda que no nosso caso seja pontualmente) mas, sobretudo, de conversar sobre coisas paralelas ao nosso trabalho: a vida, a amizade, o mundo que nos rodeia, as inquietações, a família, Deus, Religião… Daqueles amigos que são amigos. Com quem o café que tomamos tem outro sabor. Não vou deter-me sobre o livro, “Balanced Scorecard, concentrar uma organização no que é essencial”, que podem ficar a conhecer aqui. Apenas quero partilhar convosco alguns parágrafos do mesmo e que dão corpo ao título deste post:

“Pensar em estratégia é pensar para lá da espuma dos dias, para lá da imensidade dos pequenos detalhes e pensar no que é realmente determinante. Pensar em estratégia é pensar em fazer as coisas certas, as coisas que têm de ser feitas (…) Representa cortar as amarras com o desconhecido (…) Sem uma estratégia, uma organização não passa de uma amálgama de indivíduos, cada um seguindo o seu caminho independente, cheios de boas intenções, decerto, mas não fazendo o que interessa para o sucesso do todo (…)
(…)
Estratégia é o caminho que uma organização decide percorrer para evoluir de onde está para onde quer estar no futuro, vai ao encontro do futuro que desenhou, que perspectivou, que quer… não espera que o futuro a surpreenda.” (p 45)
(…)
“Estratégia, além de caminho, é também forma, é também molde, porque acaba por moldar as organizações, tal como o oleiro molda o barro; serve não só para direccionar a atenção das pessoas que trabalham na organização mas também para dar razão de ser à organização, quer para os seus colaboradores, quer para quem está de fora. A estratégia molda a organização, disciplina a organização.” (p 47)
(…)
“A estratégia permite que a organização concentre os seus recursos e explore as suas oportunidades e as suas capacidades e conhecimentos ao máximo. As estratégias reflectem os resultados da aprendizagem organizacional, os padrões que se formam em torno das iniciativas que resultaram melhor. Ajudam a assegurar que são e serão aproveitadas e exploradas por inteiro.” (p 48)


Carlos Pereira da Cruz
in Balanced Scorecard, concentrar uma organização no que é essencial
Vida Económica, 2006

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

DO AMOR!

Há dias, a filha duma colega, não tenho a certeza se tem 5 ou se tem 6 anos, falava de um menino de quem, dizia, estava apaixonada, e que era lá do Jardim Escola onde andava. Meti-me com ela e perguntei-lhe:
- Mas o que é isso de estares apaixonada pelo teu amigo?
- É eu sentir-me feliz quando estou ao pé dele e ficar triste quando não estou ao pé dele.
E ficamos todos em silêncio. E não iserá isto mesmo o estar apaixonado? E não será isto o amor?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

NA PENA DE ROGER GARAUDY!


Um autor que me enche as medidas. "Palavra de Homem", um dos seus livros, foi editado entre nós em 1975. O exemplar que tenho é uma 2ª edição de 76. Já o tenho há mais de vinte anos. Tem já algumas folhas soltas, sem contracapa e está mais do que rabiscado. É um dos meus livros de cabeceira. Hoje fui revisitá-lo para complementar uma "Nota" de um belíssimo texto de Rubem Alves, Antes que o fio se rompa, que o JMA partilhou no Facebook. Rubem fala-nos da beleza da morte e da vida. Por isso estas palavras de Garaudy:

"Amo a morte tanto como amo a vida.
Porque são um todo.

A morte - falo da morte natural, após uma longa vida de trabalho e amor - não é um limite, uma negação da vida. Pelo contrário, a morte dá à vida o seu mais alto significado." (p. 37)
(...)
"Se o meu nascimento, para a criança que fui, não foi uma decisão pessoal e livre, deve sê-lo a morte para o velho em que vou tornar-me. Uma morte que não seja desespero, mas sim um acto nascido da minha própria vida, na plenitude da tarefa cumprida e do lugar aberto para outras vidas, no júbilo das criações nascentes à minha volta."
(...)
"E farei a morte como faço amor: com os olhos abertos', como escreve Aragon. De que se faz eco o poema de Rilke: 'Senhor, dá a cada um a sua própria morte, nascida da sua própria vida.' (p. 47).

In Palavra de Homem, 1976, D. Quixote