sábado, 26 de abril de 2008

PRIMEIRO QUE TUDO SOMOS PESSOAS! (II)


"... um ombro

para quem quer ser ouvido;

um lenço

para quando aparecem umas lágrimas

com que ninguém contava;

e uma esferográfica a mais

para "quem se esqueceu"


Puxei para "poste" um pedaço do comentário que a Carmo Cruz deixou um andar mais abaixo. Obrigado pela partilha. Aqui fica:


Pois é, nós somos, antes de mais, pessoas. Também eu já fiz pecados desses de que depois me procurei penitenciar. Mas os jovens são muito sensíveis, de facto, e todo o cuidado é pouco. Lembro-me de um Aluno que um dia me fez desesperar e a quem, puxei uma orelha, "logo que te estás a portar como uma criança". A forma como ele sentiu o puxão de orelhas e as palavras que lhe dissera, contou-me ele no fim da aula, tinham-no magoado profundamente. Reconheceu que tinha estado a incomodar, a perturbar, mas disse-me: "Sabe, Professora, por que é que eu sou assim? Porque os meus pais estão sempre a puxar-me as orelhas e a chamar-me criança. Porque agora tenho um irmão com um ano e eles esquecem-se de que tenho 15".


Pois é, um Professor precisa de ter sempre três coisas disponíveis: um ombro, para quem quer ser ouvido; um lenço, para quando aparecem umas lágrimas com que ninguém contava; e uma esferográfica a mais para "quem se esqueceu". Sempre me dei bem por ir sempre equipada para estas eventualidades.

PRIMEIRO QUE TUDO SOMOS PESSOAS!


Este texto que aqui coloco já o escrevi há cerca de três anos. Estava no meu baú de "notas". Trago-o aqui porque Émy, num comentário em TEARES, uns degraus mais abaixo, elogiou-me dizendo que "em tudo o que fazes colocas o que de melhor há em ti: a tua atenção, o teu carinho, a tua bondade..." e fiquei lisonjeado. Mas, muitas vezes, nessa procura de fazermos o melhor, erramos ou, se quisermos, temos algumas falhas. Entre as muitas coisas que fazemos bem, por vezes há coisas menos acertadas que fazemos. É o que eu partilho convosco:


Eu, como educador, antes de mais sou uma pessoa; também o aluno é uma pessoa.

C. é uma aluna do 9º Ano. Reparei, ultimamente, que tem sido uma “saltimbanco” de namoros. Chegou, na mesma semana, a estar com dois namorados diferentes e eu cheguei a ouvir comentários dos rapazes no sentido de saber quem é que naquela semana iria conseguir conquistar a C. Ao passar pelo recreio, ao vê-la em poses pouco próprias, a beijar um dos novos namorados, eu chamei-a à parte e disse-lhe:

- Pareces um “supermercado”.

Não lhe disse mais nada. Disse aquelas palavras para a chocar mas reconheci que tinha exagerado. “Mexer” com sentimentos de pessoas é complicado e muito mais com sentimentos femininos, muito mais sensíveis e que guardam bem fundo o que lhes dizemos e as feridas custam mais a sarar.

Penso que ela deve ter comentado com o "namorado" e mais algumas colegas porque senti alguma distância e frieza quando passava por eles embora nada dissessem.

Dois ou três dias depois, encontrei-a no refeitório, sentada com o namorado. Como estavam apenas os dois a comer na mesa, sentei-me com eles. Perguntei-lhe o que pensavam do que eu tinha dito. A C. disse que foi algo que a magoou muito e que não esperava, da minha parte, aquelas palavras: “alguém que nos ajudou em pequenos, critica-nos agora?”.

Expliquei-lhe o que quis dizer com aquelas palavras. Foi mais ou menos isso: C., é a tua imagem de mulher que está em jogo. Os rapazes gostam destes "joguinhos". Se calhar serão tidos como “experientes” na matéria. Isso em nada lhes vai afectar a imagem pessoal. Penso que o mesmo não se passa com as raparigas. Quando chegar a altura de começares a levar o namoro a sério – porque quem troca de namoro todas as semanas ou mais que uma vez por semana, não leva as coisas a sério – os rapazes não vão querer nada contigo e certamente dirão: “com esta, que andou com todos e mais algum!” Penso que ela foi percebendo o que eu lhe quis transmitir. Não deixou de me dizer que, apesar de ter alguma razão e perceber o meu ponto de vista, eu não tinha o direito de ter falado daquela maneira porque ela era uma pessoa e tinha sentimentos. E eu estou de acordo com ela.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

O MEU 25 DE ABRIL


Lembro-me, era um rapazinho, que a minha avó, quando viu o padre António a passar, no seu passo curto mas ligeiro, no outro lado da rua, disse que ali ia um homem com as medidas perfeitas. Ela, receando que eu interpretasse aquelas palavras de maneira menos apropriada, falou-me da Cidade Santa do Livro do Apocalipse, dizendo-me que a Cidade era perfeita porque no seu comprimento, na sua largura e na sua altura, as medidas eram todas iguais. A cidade perfeita. Medidas iguais. E assim era o padre António: um homem com as medidas perfeitas; um homem de uma grandeza interior (largura), de uma dedicação, sem reservas, a todos os que dele se abeiravam e precisavam da sua ajuda (comprimento), e era um homem de Deus (altura).
Hoje, é a este retalho de vida que eu me agarro para falar do 25 de Abril que comemora o seu 34º aniversário. Para falar do meu 25 de Abril: Um 25 de Abril com as medidas perfeitas.
O meu 25 de Abril não é o regresso caloroso, a casa, depois de anos de medo, stress, angústia, a fugir das armas e dos canhões da guerra colonial; o meu 25 de Abril não é o respirar de alívio porque se romperam os grilhões das cadeias para aqueles que lutavam contra a ditadura e ansiavam pela liberdade; o meu 25 de Abril não é o término das filas infindáveis de quem esperava um naco de pão para poder sobreviver; o meu 25 de Abril não é o poder escrever sem censura; o meu 25 de Abril não são as conquistas que o Poder Local conseguiu para melhor servir as populações; o meu 25 de Abril não são os militares de Abril e o Movimento das Forças Armadas e a sua coragem, generosidade e seriedade.
Essas são realidades do passado, conquistas que não esquecemos e agradecemos aos que por isso lutaram e deram a própria vida e aqui prestamos a nossa homenagem. É tempo de saber retirar do 25 de Abril outras frentes de batalha para eu possa cantar aos meus filhos um 25 de Abril com as medidas perfeitas. Um 25 de Abril em ordem a despertar e promover o desenvolvimento integral da nossa sociedade. Uma sociedade em que todas "as medidas" lhe sejam dadas de forma equilibrada ou seja, iguais, para que os meus filhos, os meus netos e os filhos dos meus netos, cresçam e exerçam o seu papel na sociedade de forma equilibrada e empreendedora.
O meu 25 de Abril é a esperança numa sociedade com a "largura" ideal, a tal dimensão individual. É o aperfeiçoamento pessoal, interior; a descoberta e o desenvolvimento das capacidades físicas, intelectuais e afectivas de todos; a liberdade responsável, a maturidade em ordem a tomar decisões pessoais, a persistência perante os problemas, a abertura ao futuro, o explorar ao máximo as qualidades das pessoas: "Que não se deixe por explorar nenhum dos talentos que constituem como que tesouros escondidos no interior de cada ser humano", nas palavras de Delors.
O meu 25 de Abril é a esperança numa sociedade com o "comprimento" ideal: A dimensão comunitária. A abertura ao que nos rodeia. "Trata-se do aprender a viver juntos, desenvolvendo o conhecimento acerca dos outros, da sua história, tradições e espiritualidade." Uma sociedade que invista numa educação que incuta nos jovens o ideal democrático, promovendo neles a tolerância e o respeito pela cultura, a religião e os valores de cada povo.
O meu 25 de Abril é a esperança numa sociedade com a "altura" ideal: A dimensão transcendental. Como cristão, o meu 25 de Abril não pode abdicar desta dimensão. Ignorar esta dimensão, seria amputar o homem da sua dimensão especificamente humana: a transcendência. O trabalho, do merceeiro ou do poeta, do pedreiro ou do político, do cantor ou do professor, é participação na criação divina, que não está terminada e pela qual sou responsável. Ou seja, os valores mais urgentes da nossa sociedade, a liberdade, a justiça, a solidariedade e a paz, a democracia, também vistos à luz do Evangelho.
O meu 25 de Abril é procurar cultivar aquelas três dimensões de forma equilibrada, porque acredito que um projecto que não as englobe harmoniosamente não serve a democracia e não prepara os cidadãos para um compromisso sério na sociedade. É não apostar no futuro que, como há tempos ouvi do nosso cientista maior, Carvalho Rodrigues, "é muito novo, porque é muito antigo, e vem em todos os livros sagrados: É que, um dia, nós, em vez de comunicar, vamos comungar. E nesse dia, o bem de um é o bem de todos, o mal de um será o mal de todos".
E, afinal, o meu 25 de Abril, também, é muito novo porque é muito antigo; o meu 25 de Abril, afinal, não é tão diferente daquele de 74; afinal, o meu 25 de Abril, não é tão diferente daquele que muitos viveram, porque, afinal, o 25 de Abril diz-nos que o bem de um é o bem de todos, o mal de um será o mal de todos. Que se faça o 25, em Abril, em Maio ou em Dezembro. O 25, o tal de Abril, será sempre quando e o que nós quisermos. O meu e o vosso que, afinal, não são tão diferentes!

OLHAR O FUTURO!



O texto que se segue está aqui por empréstimo de um amigo que, do meu ponto de vista, nos deixa uma sugestão pertinente: Ajudar os alunos a fazer uma coisa que fazemos pouco: Olhar para depois de amanhã.

Aqui fica o texto:


Há dias numa escola, ao olhar para um painel feito pelos alunos, sobre os descobrimentos e possessões portuguesas dos séculos XV e XVI, fiz um comentário-reflexão com duas professoras que me acompanhavam.

Ontem de manhã, a minha filha contou-me que a sua turma está a desenvolver um trabalho sobre Portugal, para depois, via internet trocarem a informação, em inglês, com uma escola polaca. À minha filha calhou-lhe trabalhar sobre figuras portuguesas: Amália; Eça; Vasco da Gama e Fernando Pessoa.

A história é muito importante! Não há dúvidas!Mas num país como Portugal, tão rico em história, com gente tão hollywoodesca (no melhor sentido da palavra)... não corremos o risco de sobrecarregar os alunos com tanto peso histórico que fiquem com receio de não estar à altura da herança?

Afinal, na parábola dos talentos que Jesus contou na Galileia há dois comportamentos possíveis:

arriscar, investir ou o medo de perder...


O comentário que me surgiu ao olhar para o painel foi algo do género: e se em vez de olharmos sempre para o passado, para o que os nossos antepassados fizeram, olhássemos para o futuro?Por que não fazer um painel sobre Portugal em 2108? Obrigava os alunos a fazer uma coisa que fazemos pouco. Olhar para depois de amanhã!

Ao olhar e ao retratar o Portugal hipotético do início do século XXII, talvez fosse possível incutir a noção de causa-efeito. Não há acasos! Seremos como país futuro real, o somatório das acções que todos nós vamos fazer durante a nossa vida.

Se queremos um país futuro real com as características xis, o que é que cada um pode fazer? Qual o desafio que tem pela frente?

Os alunos seriam projectados para o futuro, aprenderiam qual a sua contribuição possível, aprenderiam que não há nada que nos garanta que o futuro será melhor que o passado se não fizermos por isso.

Gente com esta experiência, com 2/3 anos de treino, quando chegasse à vida activa... estaria muito mais apta a gerir a sua vida, estaria muito mais vacinada contra a demagogia dos políticos e autarcas, seria muito mais exigente consigo e com os outros.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

NA ROTA DA HISTÓRIA



Hoje, há 444 anos!

Nascia William Shakespeare.

Uma excelente "postagem" sobre Shakespeare a ver aqui.

Teares!


Voltei de novo à Faculdade. Acredito que mais amadurecido na capacidade de escutar mas cansado na capacidade de absorver conhecimentos; amadurecido na capacidade de saborear o que de bom nos dá a vida mas sem a destreza de memória de antanho. No início surgiu-me uma inquietação: será que haverá alguma coisa para saborear neste voltar às aulas? Será que haverá muito para aprender? Já lá vão uns meses de aulas e penso que sim, e quanto já aprendi e quanto para aprender ainda! E isto percebi logo numas notas que tirei de uma das aulas: “ser professor é uma arte... tem de estar a tempo inteiro”.

“Estar a tempo inteiro” . Tal e qual as palavras que eu digo aos meus miúdos do teatro. Pequeno ou grande, na sonoplastia ou como ponto; nas luzes ou no cenário; actor principal ou secundário, o papel que cabe a cada um deve ser feito com o máximo de empenho e acreditar naquilo que estamos a fazer. “O que nos cabe fazer, deve ser realizado com critério e devoção”. “Não posso ser pedagogo por simples despacho ou portaria”.

E, gomo a gomo, qual criança a saborear a laranja, fui fazendo descobertas, reajustando crenças, aprofundando ideias, consolidando saberes ao longo destes meses do “regresso” à Faculdade. São coisas simples – “os melhores perfumes vêm em frascos pequeninos” – mas que se revelam de grande importância, que eu fui absorvendo e me foram deixando inquieto: “Aceitar é ouvir o que a outra pessoa tem para dizer.” Comunicar é como jogar a bola. Alguém tem de lançar a bola primeiro.

Resolvi jogar com os meus alunos o jogo da comunicação. Lancei a bola: Chamei cada aluno, faltavam dez minutos para terminar a aula, tendo em conta algum pormenor interessante que sabia deles e dei a cada um 10 segundos para dizerem qualquer coisa. Alguns não disseram mais do que um apenas está tudo bem. Outros, pouco mais disseram. Numa das turmas que fiz isto não consegui percorrer a turma toda e disse que ficava para a próxima aula e que começaria esse processo pelo fim da lista. Um dos alunos, que não tinha sido chamado, veio ter comigo e disse, se eu não me importasse, que gostava de dizer qualquer coisa se lhe desse os dez segundos. Dei-lhe a oportunidade de falar e ele apenas disse: o fim de semana correu-me mal. ... Peguei no desabafo dele e ficamos o resto do intervalo a conversar. Ganhei um amigo. Não há dúvida, a comunicação carece de aproximação.

Continuo a jogar com os alunos o jogo da comunicação. Para eles é o espaço em que cada um tem dez segundos para dizer o que quiser, e se quiser, no início das aulas. E por vezes não são necessárias palavras. Basta um gesto, um sorriso, um trocar de olhos para comunicar. Há dias o T., um aluno reservado e de pouquíssimas palavras, quando eu entrei na sala, sentado na sua carteira, olhou para mim e apontou para o seu cabelo. Pisquei-lhe o olho. Quando chegou a vez dos dez segundos do T, disse-lhe: “T., cortaste o cabelo! Ficas muito bem assim.” Ficou feliz. Pequenos gestos para os libertar e motivá-los para a comunicação

terça-feira, 22 de abril de 2008

DIA DA TERRA



“A reverência ao Homem
não pode separar-se da reverência
ao que está abaixo dele (a Natureza)
e ao que está acima dele (Deus)”

Goethe



A "ARTE DO PASTOR"

O mundo não é só laboratório
mas também é jardim;
é lugar de recreio e gratuidade.

Desde sempre o Homo Sapiens procurou modificar o ambiente a seu favor. Porém, até ao século XIX, a acção do homem na natureza foi relativamente limitada e deixou intacto grande parte do planeta. Em contrapartida, após a industrialização, o homem tornou-se um perigo sério para a natureza e, por conseguinte, para si mesmo.

Actualmente, a humanidade – face ao crescimento acelerado que se tem verificado nos últimos anos – enche o ambiente, no qual vive com as outras criaturas, com os resíduos daquilo que produz e consome, inquinando os elementos que promovem a vida do nosso planeta, sobretudo a água e o ar. Além dessa crise ecológica, deparamo-nos, também, com uma crise energética e de matérias primas.

E eu, como cristão, que reflexão posso fazer neste contexto? Quantas vezes não pronuncio a fórmula confessional “Creio em Deus-Pai, Criador do Céu e da Terra...”? O que queremos dizer quando confessamos que o Universo é Criação de Deus? Qual o nosso contributo e a nossa responsabilidade?


Antes de mais, o Universo é um dom de Deus para o Homem, que ama e dá valor à sua Obra: “Deus vendo toda a sua obra considerou-a muito boa” (Gen. 1,30). Mas é, também, missão para o Homem: “...Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a Terra.”(Gen. 1,28); “...O Senhor colocou o Homem na Jardim do Éden, para o cultivar e para o guardar...”(Gen. 2,15).


Nestas citações, realçamos algumas palavras que consideramos fundamentais: Por um lado, enchei e dominai – o homem que deve dominar e sujeitar a natureza. Não colocamos em causa a subordinação de toda a Criação ao Homem. Por outro lado, cultivar (preparar a terra para que ela produza; educar; conservar; dedicar-se, isto na conjugação reflexa) e guardar (proteger; pastorear), ou seja, o homem é chamado à “arte do Pastor” de que falou Sócrates.

Eis, pois, a nossa responsabilidade sobre o Universo. E é nesta linha que tem de ser entendido o progresso humano.

A Criação não é algo de estático, feito de uma vez para sempre, mas que tem de ser visto na sua dinâmica histórico-social em que o Homem é chamado a exercer o seu papel criador a fim de aperfeiçoar, desenvolver e construir uma sociedade digna de o acolher. Assim, o verdadeiro progresso humano, visto à luz do mistério da Criação, será aquele que permita ao homem o seu desenvolvimento e a plenitude da sua vocação integral. Tal como a Criação, o progresso do mundo está destinado para a felicidade do homem e não para a sua degradação.

O Homem é o Pastor do Universo na medida na em que tem de guardar e proteger a herança que recebeu e que por sua vez tem de deixar a outras gerações; é a responsabilidade de não deixar atrás de si um deserto mas um jardim, porque este mundo não é meu nem alguém se pode afirmar como o dono do mundo porque ele é de todos. Por isso, é necessário agir seriamente, em primeiro lugar em relação à geração presente, nomeadamente aquela parte da humanidade com menos recursos e que sofre, em grandes proporções as consequências do problema ecológico e, em segundo lugar, às gerações futuras, investindo na educação, como o mais essencial dos recursos.

É a vida de cada um de nós que está em jogo. É a nossa felicidade que, infelizmente, hoje se joga na roleta do económico que é preciso transferir para a roleta do humano. Enfim, somos chamados à “arte do pastor”: a dominar mas a cultivar e a guardar.
O mundo não é só laboratório mas também é jardim; é lugar de recreio e gratuidade.

domingo, 20 de abril de 2008

TESTEMUNHOS DE VIDA




A MÃE DOS MENINOS DO HOLOCAUSTO

"Não se plantam sementes de comida.
Plantam-se sementes de bondade.
Tratem de fazer um círculo de bondade:
Este os rodeará
e fará crescer mais e mais."
Irena Sendler



Nascida a 15 de Fevereiro de 1910, nA Polónia, Irena Sendler comprometeu-se desde muito cedo com a defesa dos direitos dos judeus, cuja população chegava a três milhões na Polónia antes da guerra. Varsóvia era então uma das principais metrópoles judaicas do mundo.
Heroína, desconhecida fora da Polónia e apenas reconhecida no seu país por poucos historiadores devido ao obscurantismo comunista que havia e que apagou os seus feitos dos livros de história oficiais, Irena, nunca contou a ninguém sobre a sua vida durante aqueles anos.
Em 1999, a sua história começou a ser conhecida graças a um grupo de alunos do Kansas, através de um trabalho de conclusão de Curso e que versava sobre os Heróis do Holocausto. Na pesquisa, encontraram poucas referências sobre Irena. Mas um dado surpreendente sensibilizou os alunos: 2.500 vidas, crianças, foram salvas por ela. Como era possível não existir informação sobre uma pessoa assim? Mas a maior surpresa viria depois. Ao investigarem o local do túmulo de Irena descobriram que nunca existiu porque ela estava viva.


Hoje, aos 97 anos, reside num asilo em Varsóvia, num quarto cercado de flores e cartões de agradecimento de sobreviventes e filhos destes em sua honra. Vive numa cadeira de rodas pelas lesões e torturas impostas pela Gestapo. Não se considera uma heroína e jamais reivindicou créditos pelas suas ações: “Poderia ter feito mais” e completa: “Este lamento me acompanhará até o dia da minha morte!”


Convido a ver, via Moralitos, um slideshare sobre a figura interessante desta MULHER.


Mais notícias aqui.