A Igreja como Coração aceso de Amor
No Manuscrito B, Teresa narra a sua descoberta do Coração da Igreja como «Coração aceso de amor», partindo da leitura do capítulo trigésimo da primeira carta de S. Paulo aos
Coríntios.
Descobre no amor a realidade essencial da Igreja,
unindo as diferentes vocações,
unindo de modo muito mais profundo
a Igreja da terra à Igreja do Céu,
já que apenas «a caridade nunca acabará» (1Cor 13, 8).
O amor, sendo essencial na terra e no Céu, dá a possibilidade de amar o Senhor em plenitude e de forma desmesurada já aqui, na
imediatez desta vida. Tais são as grandes afirmações de S. Tomás de Aquino, esplendidamente verificadas por Teresa.
Quando também ela experimenta a maior obscuridade na sua fé, vive já «o amor absoluto».
Dizia o Apóstolo Pedro, falando aos cristãos de Jesus: «Sem o terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, crestes Nele e isto é para vós fonte de uma alegria inefável e gloriosa» (1
Pe 1, 8).
Esta é a mesma alegria que ela partilha no meio da mais espessa escuridão,
a alegria indescritível de amar a Jesus sem nunca O ter visto e sem O ver no presente. Por isso escreveu:
«Jesus, amar-Te é a minha felicidade!».
Um Amor com todo o coração.
S. Teresa
«ama com todo o coração» a Deus e aos homens, no mesmo amor de Jesus.
Trata-se da mais alta expressão simbólica da caridade como amor único a Deus e ao homem em Jesus.
Este simbolismo, neste sentido, reúne tudo,
isto é, toda a realidade divina e humana,
visível e invisível,
carnal e espiritual,
todas as dimensões do coração humano,
todas as relações com Deus e o próximo.
Com frequência compara o seu coração a uma lira, em que o Espírito Santo faz vibrar as cordas com as simples palavras: «Jesus, eu amo-te». De facto, amando a Jesus o coração alarga-se.
No seu coração de mulher as cordas musicais do amor são quatro:
- o esponsal
- o materno
- o filial
- o fraterno.
O mesmo amor realiza-a humanamente de forma plena como esposa, mãe, filha e irmã.